José Luís Rodrigues critica Regimento da Assembleia e “guerra” contra Lisboa
O padre publicou no Facebook uma carta aberta dirigida a Miguel Albuquerque
O padre José Luís Rodrigues recorreu, esta sexta-feira, dia 8 de Maio, às redes sociais, para deixar uma mensagem ao presidente do Governo Regional da Madeira. Numa carta aberta dirigida a Miguel Albuquerque teceu críticas à alteração do Regimento da Assembleia Regional e à “guerra” do executivo madeirense contra Lisboa.
“A razão de ser desta missiva prende-se com duas situações, que a meu ver requerem outra estratégia completamente contrária àquela que o seu governo está a seguir. Primeira questão, foi o aproveitamento matreiro da situação de pandemia que o grupos parlamentar do PSD e do CDS, aproveitaram para alterar o jogo democrático na Assembleia Regional, com alteração do Regimento da Assembleia em proveito dos dois partidos que formam a maioria parlamentar. Pode parecer-lhe um detalhe, mas a democracia também se faz com detalhes e os detalhes muitas vezes em democracia implicam muito com a vida de todos.
Segunda questão, está relacionada com a ‘guerra’ frequente com Lisboa, particularmente, com o Governo Nacional e até ultimamente com o Presidente da República (último debate do Estado da Região)”, começou por escrever José Luís Rodrigues.
Em relação à primeira questão, o padre considera “inconcebível” que o presidente do Governo Regional esteja de acordo com esta alteração do Regimento da Assembleia Regional da Madeira. “É aberrante que apenas um voto de um deputado vincule todo o Grupo Parlamentar do seu partido”, observa, destacando que “esta alteração vigora, não apenas em situações especiais como a que estamos a viver, mas em qualquer votação, seja assunto relacionado com a alguma emergência ou não”.
Quanto ao segundo ponto, José Luís Rodrigues confessa-se surpreendido. “A ‘guerra’ constante contra Lisboa, que, pensei ingenuamente que neste panorama pandémico poderia esbater-se um pouco, mas nada disso, até não tem poupado o Presidente da República”, vinca.
“Estamos em tempos em que deve imperar o respeito mútuo e a sabedoria para negociar. O tempo das guerras passou e a democracia é o regime ideal para negociar, não para guerrear. A estratégia da guerra frequente pode ter servido noutros tempos para conseguir dividendos, neste momento não serve, prejudica quem precisa de solidariedade, de apoios ou de que simplesmente se cumpram as regras do jogo”, afirma na mesma missiva.
Mas deixa uma ‘farpa’: “Imagino todos os dias como seria o discurso do Governo Regional da Madeira se fosse o governo nacional hoje com a mesma cor partidária... Faz sentido este pensamento, porque ao tempo do governo de Passos Coelho a Madeira deixou fazer tudo que ele entendeu sem pio, coisa que ainda a hoje a Madeira sofre por causa disso”.
“Deixo estas duas atenções ao seu cuidado e que venham tempos auspiciosos para a Madeira, com verdade, democracia e justiça”, remata José Luís Rodrigues.