DGS desaconselha máscara quando situação clínica impede
A máscara de proteção facial não deve ser usada quando a atividade ou a situação clínica dos cidadãos não o permitem, esclareceu hoje a Diretora-Geral da Saúde, quando questionada sobre a morte do treinador de atletismo Nuno Alpiarça.
“As orientações gerais da Direção-Geral da Saúde (DGS) é de não recomendação para usar máscara quando se está a fazer uma determinada atividade ou se tem uma situação clínica que o impeça”, disse Graça Freitas, na conferência de imprensa diária sobre a pandemia de covid-19.
Contudo, a responsável recusou “comentar a situação específica” que envolve a investigação à morte do treinador Nuno Alpiarça, que” levanta suspeitas de nova falha do sistema integrado de emergência médica”, segundo uma carta da Associação Nacional de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (ANTEPH).
Dirigida aos deputados da Assembleia da República, a missiva, assinada pelo presidente da direção Nelson Teixeira Batista, foi subscrita também pela Fénix - Associação Nacional de Bombeiros e Agentes de Proteção Civil.
A ANTEPH denunciou falhas recorrentes “no socorro pré-hospitalar”, pedindo de forma urgente que sejam apuradas “responsabilidades” e que se possam “evitar situações idênticas no futuro”.
No sábado, o antigo atleta paralímpico Carlos Lopes considerou o treinador Nuno Alpiarça, falecido na quinta-feira, uma “vítima de covid-19, sem o ser”, e criticou a demora entre a chamada para o INEM e a chegada ao hospital.
Carlos Lopes referiu que, segundo os relatos dos dois atletas que estavam com a vítima - que poucos dias antes tinha acusado negativo para covid-19 -, o treinador “ficou no chão demasiado tempo, sem que nada lhe tivessem feito, à exceção de lhe terem colocado uma máscara e uma viseira”.
Contactado pela Lusa, o INEM garantiu que “não existiu qualquer atraso na assistência” e assegurou que, “nas duas horas que decorreram entre o pedido de ajuda inicial e a chegada ao hospital, o doente esteve sempre a receber a assistência médica adequada à sua condição clínica”.
Depois de o estado da vítima se ter agravado, o INEM esclareceu ter acionado um pedido de apoio de uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), na qual “foram realizadas manobras de Suporte Avançado de Vida (SAV) durante aproximadamente 20 minutos”, tendo a vítima sido transportada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, às 11:43.
Segundo o INEM, “não faz sentido algum referir que o doente demorou duas horas a chegar ao hospital, quando a VMER é precisamente um meio de emergência altamente diferenciado que funciona como uma extensão do hospital”.
O INEM assegurou que na chamada inicial, efetuada às 10:19, “não foram indicados quaisquer sinais ou sintomas compatíveis com uma vítima crítica, tendo sido apenas referido que a vítima teria sofrido uma queda” e acrescentou que, “por se tratar de uma situação de dificuldade respiratória com uma semana de evolução (informação transmitida pela própria vítima), existem protocolos de segurança que têm obrigatoriamente de ser cumpridos”.
Nuno Alpiarça, de 53 anos, ex-atleta do Sporting, morreu na quinta-feira, pouco antes de iniciar um treino, na zona de Benfica, em Lisboa.