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Venezuelanos realizaram 716 protestos em Abril apesar da quarentena

O Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS) registou 716 protestos durante o passado mês de abril, por diferentes motivos, apesar de desde 16 de março a Venezuela estar em quarentena social preventiva de covid-19.

Os protestos foram principalmente contra o acesso e alto preço dos alimentos, contra a escassez de gasolina a nível nacional, falhas nos serviços públicos e para exigir o respeito de direitos e liberdades.

Segundo o relatório divulgado pelo OVCS, tal “como aconteceu em março deste ano, apesar das medidas de quarentena para minimizar a propagação do coronavírus e do restritivo estado de alarme decretado (a 13 de março) os venezuelanos saíram às ruas para exigir que sejam garantidos os direitos humanos”.

“Dos 176 protestos registados, 620 foram por direitos económicos, sociais, culturais e ambientais. Durante a monitorização houve um aumento nas reivindicações por comida e gasolina. Continuaram as reclamações contra o colapso de serviços básicos como a água potável, o gás doméstico e a eletricidade”, explica.

Por outro lado, 13% dos protestos foram para exigir direitos civis e políticos, principalmente de grupos opositores, mas também de simpatizantes do regime, assim como de detidos e seus familiares.

Táchira (125), Mérida (115), Miranda (72), Falcón (50), Anzoátegui (46), Nova Esparta (36), Lara (30) e Caracas (28) foram os Estados com mais protestos.

“Intensifica-se o autoritarismo, os mecanismos de controlo social e a restrição de direitos no quadro de respostas institucionais à pandemia de covid-19. Expandem-se as medidas e controlos da mobilização popular”, salienta o relatório.

Segundo o OVCS, “aumentou a escassez de alimentos e de produtos de higiene pessoal” e ressurgiram “os saques ou tentativas de saques” no país.

Também “as detenções, intimidações e ameaças contra os jornalistas, defensores dos direitos humanos e trabalhadores do setor da saúde, por informar sobre a situação da covid-19”, assim como as “restrições informativas através dos meios de comunicação, das redes sociais e dos serviços de mensagens como o WhatsApp”.

“A maior escassez e controlo na distribuição de gasolina a nível nacional, motivou protestos e longas filas, e fez aparecer o mercado negro para a comercialização do combustível que é pago em moeda estrangeira”, sublinha.

O relatório diz que houve protestos dos sindicatos da saúde, educação, aposentados e pensionistas, contra o pouco aumento salarial mais recente.

Por outro lado, os doentes e seus parentes e médicos mantêm as exigências exigindo infraestruturas, materiais e suprimentos hospitalares adequados e biossegurança para lidar com a pandemia.

O descontentamento dos habitantes dos Estados fronteiriços pela instalação de pontos de assistência e isolamento preventivo da covid-19 dos venezuelanos que regressam por terra dos países vizinhos, motivou protestos nas zonas fronteiriças.

A Venezuela tem 379 casos confirmados de covid-19, 10 mortes associadas à doença e, pelo menos, 176 pessoas recuperadas.

O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.

O estado de alerta foi decretado por 30 dias e prolongado por igual período.

Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários Estados do país.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 263 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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