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Risco de transmissibilidade nos Açores é de 0,39

Foto Lusa
Foto Lusa

O risco de transmissibilidade da covid-19 nos Açores é atualmente de 0,39 e a região está numa curva descendente, tendo já mais casos recuperados do que positivos, revelou hoje o responsável da Autoridade de Saúde Regional.

“A corroborar esta fase descendente que estamos a vivenciar da evolução do surto na região é o número de casos positivos ativos, o número de recuperados e o número de novos casos positivos, que apenas se têm registado na ilha de São Miguel e num contexto particular”, avançou Tiago Lopes, referindo-se ao lar de idosos do Nordeste, onde foram infetados 38 utentes e 12 funcionários.

O responsável, que é também diretor regional da Saúde, falava, em Angra do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto da covid-19 nos Açores.

O arquipélago contabilizou hoje sete novos casos de recuperação da infeção pelo novo coronavírus, incluindo uma utente internada no Hospital da Horta (Faial) e duas que se encontravam em contexto domiciliário na ilha do Pico.

Entre os recuperados estavam quatro profissionais de saúde: um do Hospital da Horta, dois do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, e um do lar da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste (São Miguel).

Desde o início do surto foram confirmados 144 casos da covid-19 nos Açores, 106 dos quais na ilha de São Miguel, mas atualmente são mais os recuperados (71) do que os casos positivos ativos (58), tendo sido registadas ainda 15 mortes.

Segundo Tiago Lopes, o R0 (”a capacidade que um caso positivo tem de gerar novos casos positivos”) atingiu um máximo de 1,7 na região.

No final de abril, quando foi tomada a decisão de levantar gradualmente algumas restrições impostas no arquipélago para travar o surto, o R0 já estava abaixo de 1 e tem vindo a diminuir.

“Na altura o R0 era de 0,46, ou seja, estávamos bem abaixo do que seria eventualmente previsível, muito por via daquilo que foram as medidas de contenção e restrição implementadas e de toda a planificação feita para o combate à pandemia aqui na região”, sustentou Tiago Lopes, acrescentando que, entretanto, “esse risco de transmissão baixou de 0,46 para 0,39”.

Ainda assim, o responsável da Autoridade de Saúde Regional salientou que, “de um momento para o outro”, a curva pode voltar a subir, alertando para a necessidade de manter “a vigilância e monitorização e todas as medidas de proteção”, para evitar um novo foco de transmissão.

“Este comportamento do novo coronavírus é muito singular, é muito desconhecido para todos nós. Fala-se de uma segunda vaga, não quer dizer que de uma primeira vaga não transitemos logo no imediato para uma segunda com um novo pico, por via dessa curva descendente não chegar ao fim e voltar novamente a subir. É essa a preocupação que nós temos de ter”, sublinhou.

Dos 58 doentes com covid-19 atualmente nos Açores, apenas 21 estão internados (19 em São Miguel e dois na ilha Terceira), nenhum dos quais em cuidados intensivos.

Questionado sobre o facto de a maior parte dos 15 utentes que morreram na região não ter sido admitida numa unidade de cuidados intensivos, Tiago Lopes disse que a maioria destes utentes tinha mais de 70 anos, maior vulnerabilidade para infeções respiratórias e outras patologias crónicas.

“São pessoas cujo prognóstico em alguns dos casos já era reservado à partida, logo no momento da admissão na unidade hospitalar”, explicou.

Segundo Tiago Lopes, “em alguns dos casos, quer por via dessa condição de doença não justificar -- são aquelas decisões das equipas de saúde -- o investimento e a submissão da pessoa se calhar a um maior sofrimento de colocá-la com medidas mais invasivas numa unidade de cuidados intensivos (...) não se chegou a registar esses óbitos nas unidades de cuidados intensivos”.

O responsável da Autoridade de Saúde Regional disse que o surto não teve “um impacto tão significativo” ao nível dos doentes críticos, mas admitiu a possibilidade de isso vir a acontecer no futuro.

“Não quer dizer que nos próximos tempos não venhamos a ter mais casos e uma segunda vaga do surto ou um eventual foco que seja detetado na região, que atinja uma franja da população mais jovem e que possa mesmo até ter outro tipo de complicações e, por essa via, ocupar outros recursos do Serviço Regional de Saúde que não foram ocupados até ao momento”, apontou.

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