Imobiliárias aplaudem reabertura e prevêem retoma do investimento estrangeiro
A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) congratulou-se hoje com a reabertura do setor na primeira fase de desconfinamento, antecipando que “em breve” o país poderá “beneficiar a retoma do investimento estrangeiro”.
“Há sinais positivos que foram transmitidos pelo setor financeiro ao mais alto nível de que o ‘milagre português’ na gestão da questão sanitária tem despertado o interesse dos estrangeiros em investir em Portugal, estando aqui uma ‘porta aberta’ para conseguirmos agregar algum investimento que poderia estar dirigido para Espanha ou Itália”, afirma o presidente da APEMIP, citado num comunicado.
Segundo Luís Lima, depois de em abril a quase totalidade das empresas de mediação imobiliária ter suspendido a atividade devido à pandemia, conforme revela um inquérito divulgado hoje pela associação, o setor congratula-se com a possibilidade de reabrir já na primeira fase de desconfinamento.
“A APEMIP congratula-se com esta decisão, que resulta das solicitações feitas pela associação e transmitidas pela Confederação do Comércio e Serviços (CCP) em sede de concertação social, dando também um sinal ao setor de que, finalmente, o mesmo é considerado em paridade com outras atividades, dando-se o devido valor à importância desta classe e àquilo que representa no panorama económico nacional”, afirma.
Assumindo-se como “otimista, mas realista” com a retoma da atividade, Luís Lima regozija-se com “a eficácia das medidas tomadas no abrandamento da curva de propagação da epidemia” e considera que haverá agora “uma fase de adaptação por parte das empresas à nova realidade, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento das regras e recomendações de higiene e segurança”.
“É necessário dar tempo ao tempo e compreender que neste período haja um decréscimo na procura e nas visitas, pois as pessoas estão receosas não só com a questão sanitária, mas também com o real impacto económico que esta pandemia poderá ter nas suas vidas. Mas devemos estar otimistas”, sustenta.
O presidente da APEMIP considera existir “uma oportunidade da dinamização do mercado de arrendamento e do investimento” no setor -- “que se estima que cresça”, diz -- e aponta também “uma janela de oportunidade na captação de não residentes para Portugal que, não sendo imediata, poderá ser promovida pela generalização do teletrabalho e pela segurança que o país tem transmitido pela forma como está a lidar com esta crise sanitária”.
Segundo as conclusões de um inquérito ‘online’ realizado pela associação entre 28 de abril e 04 de maio, junto de cerca de 4.000 empresas de mediação imobiliária licenciadas a operar em Portugal, 50% dos operadores suspenderam totalmente a sua atividade, tendo a suspensão sido parcial em 45,8% dos casos.
O questionário aponta que 95,3% das imobiliárias registaram uma quebra do volume de negócios em abril e uma quebra da procura na ordem dos 92,5%, reportando 62,7% das empresas a ocorrência de desistências dos clientes de negócios que estavam em curso, 19,8% dos quais mesmo já depois de celebrado o Contrato de Promessa de Compra e Venda (CPCV).
De acordo com a APEMIP, mais de metade das empresas afirmou ter recorrido a alguma das medidas excecionais previstas pelo Estado, o que não surpreende Luís Lima: “Como podemos ver nos resultados deste inquérito, a quebra de receitas das empresas foi brutal e é natural que tenha havido necessidade em recorrer aos apoios promovidos, que não tenho dúvida de que ajudaram a garantir a sobrevivência de muitas empresas”, diz.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 254 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.074 pessoas das 25.702 confirmadas como infetadas, e há 1.743 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.