ONU pede à Venezuela para detalhar plano de combate à crise e aos EUA que levantem sanções
Especialistas das Nações Unidas (ONU) pediram hoje ao Governo venezuelano que indique os planos para fazer frente aos “efeitos devastadores da crise económica sobre os direitos humanos” e instaram os Estados Unidos a levantar as sanções económicas.
“O Governo deve explicar imediatamente como pensa apoiar as pessoas” que, em muitos casos mal conseguem sobreviver, assinalam num comunicado os relatores especiais da ONU sobre a pobreza extrema, Olivier De Schutter, água e saúde, Léo Heller, e educação, Koumbou Boly Barry.
Os três indicaram que o Governo do Presidente Nicolás Maduro culpou as sanções internacionais pela crise humanitária , quando “a escassez de alimentos, a hiperinflação, cortes de energia e água, e o crescente desemprego precederam as restrições comerciais”.
Contudo, os especialistas sublinharam que os Estados Unidos devem levantar de imediato as sanções, que continuam a causar um grave impacto nos direitos humanos do povo venezuelano, “especialmente à luz da pandemia do novo coronavírus”.
Na actual crise sanitária, o sistema de saúde venezuelano está a colapsar, com muitos hospitais a lutarem para continuarem em funcionamento quando, em alguns casos, carecem de electricidade ou água corrente.
No campo educacional, o documento recorda que a Venezuela perdeu milhares de professores e muitas crianças já não frequentam a escola porque não têm energia devido à falta de comida em casa ou porque não podem pagar transportes.
“Isto significa que a crise causa danos perduráveis à próxima geração”, vincaram os especialistas.
Por outro lado, salientaram que o Programa Alimentar Mundial da ONU estima que um terço da população sofra de insuficiência alimentar e mostraram-se alarmados por relatos de que jornalistas, advogados e profissionais de saúde tenham sofrido represálias ou até sido presos por denunciar estes problemas económicos e sociais.
“Qualquer pessoa detida arbitrariamente deve ser libertada imediatamente e o Governo deve investigar estas acusações”, afirmaram na nota.
Até hoje a Venezuela registou 367 casos confirmados da pandemia da covid-19 que já provocou 10 mortes no país.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infectou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.