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União Europeia defende “autonomia estratégica” em sectores como o dos medicamentos

A Europa terá de aprender as lições da crise causada pelo novo coronavírus, garantindo a sua “autonomia estratégica” em sectores-chave, como a produção de medicamentos, disse o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.

“Não é normal que a Europa não produza um único grama de paracetamol e que a China concentre 80% da produção mundial de antibióticos”, disse Borrell em entrevista a vários jornais europeus.

“Até agora, pensava-se que não fazia diferença o local onde os produtos eram fabricados, que um mercado global chegaria a todos, a qualquer hora e em qualquer lugar”, admitiu acrescentando que “perante a crise, isso acabou por mostrar ser falso”.

A crise da saúde associada ao surgimento da pandemia de covid-19 na Europa fez explodir a procura de certos medicamentos e causou interrupções nas cadeias de abastecimento.

Actualmente, 80% das substâncias activas usadas em medicamentos na União Europeia vêm de países terceiros, com a Índia e a China a serem responsáveis por 60% do total, de acordo com um relatório realizado pelo parlamento francês em 2018.

“Não estou a dizer que todos devem produzir tudo em casa (...), mas a cadeia de distribuição deve ser mais curta e por que não ter centros de produção por perto?”, questionou Borrell.

“Por que não produzir em África, [continente] que consome cada vez mais medicamentos, parte de nossas próprias necessidades?”, sugeriu.

A pandemia também mostrou a necessidade de manter reservas estratégicas de material médico, da mesma forma que existem actualmente reservas estratégicas de petróleo, defendeu o diplomata.

Para alcançar essa “autonomia estratégica”, existem “muitas maneiras de influenciar as decisões das grandes empresas”, garantiu o responsável pela “diplomacia da UE, sublinhando que a actual crise é precisamente “o momento em que os Estados têm de fazer uma forte alavancagem da indústria”.

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