OMS alerta para riscos acrescidos em países mais vulneráveis
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje para o risco acrescido da pandemia de covid-19 em países onde já havia crises humanitárias, sublinhando que sinais positivos como os que se registam na Europa ocidental não significam ainda vitória.
Afeganistão, Sudão, Palestina, Iémen ou Haiti são nações e territórios no foco da atenção da OMS, cujo director-geral, Tedros Ghebreyesus, reiterou que a crise da pandemia “pode exacerbar desigualdades existentes”.
O responsável máximo daquela agência das Nações Unidas assinalou que já há mais de 3,5 milhões de casos em todo o mundo e que mais de 250.000 pessoas já morreram por causa da covid-19, com um ritmo de mais de 80.000 casos novos diários desde o início de abril.
O número de casos novos na Europa ocidental está a descer, mas aumenta no leste europeu, África, sudoeste asiático e Mediterrâneo oriental, referiu, salientando que “mesmo dentro da mesma região ou do mesmo país, há tendências divergentes”.
Nos países europeus onde já se assiste a um levantamento das medidas de confinamento obrigatório e restrição de movimentos de populações, “o risco de ter que se regressar ao confinamento continua muito real se os países não gerirem a transição de forma muito cuidadosa e faseadamente”, destacou Tedros Ghebreyesus.
O director executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, indicou que há áreas que inspiram preocupação especial, “não por causa dos números absolutos, mas pelas vulnerabilidades subjacentes das populações e dos sistemas de saúde”.
Na última semana, por exemplo, o Afeganistão viu um aumento de 76 por cento no número de casos e de 63% no número de mortes.
No Sudão, no mesmo período, o número de casos aumentou 145% e o número de mortes 80%, na Palestina os casos duplicaram e em países como o Iémen, onde o número de casos pode levar a pensar que o problema ainda é pequeno, a OMS tem certeza de que “o vírus tem transmissão comunitária”.
Mesmo nos países em que os números estão a descer, “não é possível voltar ao mesmo de sempre”, em que se gastam “7,5 biliões de dólares em saúde todos os anos” e não se investe o devido na prevenção, “que é mais barata e melhor do que a cura”.
Ghebreyesus salientou que a criação e manutenção de sistemas de saúde resilientes “é há muito ignorada”.
“Investir em saúde agora salvará vidas no futuro. A História vai julgar-nos a todos, não só se sobrevivemos, mas as lições que aprendemos e as medidas que tomámos quando terminou” a pandemia, afirmou.