Venezuela determinará eventual detenção de Guaidó e vai julgar norte-americanos
O Presidente da Venezuela anunciou hoje que os dois norte-americanos detidos por participarem na frustrada invasão marítima de domingo que pretendia ser um golpe de Estado contra o seu Governo serão julgados e admitiu deter o opositor Juan Guaidó.
“Estes norte-americanos são culpados e confessaram. Violaram as leis internacionais e as da Venezuela. Estão nas mãos da justiça e nós garantiremos que haja justiça neste caso, com eles e com todos os outros mercenários, e que surja a verdade. Justiça e verdade”, disse Nicolás Maduro.
O chefe de Estado venezuelano falava no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, durante uma conferência de imprensa que foi transmitida pela televisão estatal.
“Eles pensavam que seriam recebidos com aplausos, mas o povo de Chuao apareceu-lhes pela frente, amarrou-os e capturou-os. A polícia teve de intervir para que não fossem agredidos”, referiu.
Sobre o líder da oposição, Juan Guaidó, Maduro explicou que uma possível detenção “não depende” da sua resposta, mas acusou-o de ter ligações com os organizadores da frustrada invasão marítima.
“Depende dos órgãos da Justiça na Venezuela e será o Ministério Público e os tribunais a determinarem se deve ser detido ou não”, declarou Nicolás Maduro.
O Presidente da Venezuela anunciou ainda que vai pedir a extradição do norte-americano Jordan Goudreau pela “confessada participação” num plano para cometer um golpe de Estado contra o seu Governo.
Segundo a imprensa venezuelana, Jorgan Goudreau estaria a treinar dezenas de soldados desertores venezuelanos refugiados na Colômbia, para entrar na Venezuela e provocar uma rebelião popular.
“Será pedida a sua extradição por confessar factos que violam as leis venezuelanas, com base nos tratados de extradição entre ambos países”, explicou.
Maduro, que acusa os EUA e a Colômbia de estarem por detrás das frustradas tentativas de invasão marítima de 03 e 04 de maio, recomendou ao chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, que deixe a sua obsessão contra a Venezuela.
“A Pompeo dou-lhe um conselho: já chega de agressão contra a Venezuela, já chega de obsessão contra a Venezuela. Algum dia terão de refletir e retificar tantos erros que cometeram contra a Venezuela, um após outro, e que levaram à derrota, à hecatombe da política de Donald Trump [Presidente dos EUA] na América Latina e na Venezuela”, apelou.
Maduro disse ainda não ter dúvidas da participação do Presidente da Colômbia, Iván Duque, nos recentes atos.
“Se fizessem uma investigação mínima, na Colômbia, poderiam estabelecer rapidamente todos os rastos e provas de como Iván Duque, através do Exército (colombiano), ordenou apoiar estes grupos”, frisou Nicolás Maduro.
O Governo venezuelano anunciou, no domingo, que oito pessoas morreram e duas foram detidas numa primeira tentativa de ataque marítimo que ocorreu no estado de La Guaira, vizinho de Caracas.
Segundo o Presidente Nicolás Maduro, a invasão marítima frustrada tinha como “objetivo central” o seu assassínio.
Na segunda-feira, dois norte-americanos e outras 11 pessoas foram detidas numa segunda embarcação que se aproximava de uma área costeira do Estado central de Arágua.
Entre os venezuelanos detidos estão o capitão Antonio Sequeda, assim como os agentes da segurança Yeferson Fernández e Rodolfo Rodríguez Orellana.
Foram também detidos um ex-membro da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) Víctor Alejandro Pimienta e o ex-primeiro-tenente Raúl Manzanilla.
Das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas foram detidas três pessoas: Paiva Soot, Rojas Tapia e Rodwin Magallanes.