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Testemunho de um escotista

É com muita satisfação que escrevo este texto, a satisfação é provocada por estar a escrever sobre uma das coisas que fez e faz parte da minha vida cerca de 15 anos, e claro, por podê-lo partilhar com mais alguém. Um corpo? Uma associação? Uma família? Um movimento? Estes são o exemplo de várias nomenclaturas utilizadas para tentar descrever muito resumidamente o que é e sempre foi o escutismo, verdade seja dita, que nenhum nome encontrado pode defini-lo uniformemente. Estou em querer que só quem pode experienciar, realmente, a importância do escutismo são aqueles que o viveram na íntegra. A opinião pública ou, neste caso, a opinião de quem está por fora não pode ser excluída pois assim poderemos saber se estamos a agir de acordo com uma das nossas leis “A honra do escuta inspira confiança”, contudo a opinião de quem é alvo das ações do escutismo estará a receber somente a impressão daquele preciso momento e não da experiência de um todo. Como não é me impossível pronunciar sobre a experiência dos demais que também foram escoteiros fá-lo-ei expondo a minha experiência, para que de alguma forma se perceba a importância deste (fenómeno?). A primeira vez que entrei em contacto com o escutismo era muito novo, incapaz de tomar as minhas próprias decisões, foram os meus pais, em especial a minha mãe, que havia também ela experienciado esta caminhada escotista, e queria passar essa experiência para o ser mais importante da vida dela, eu! Estamos aqui perante o exemplo de que quem viveu a sério o escotismo é que sabe o quão valioso, o quão enriquecedor e quão apreciável é esta experiência, tanto que está disposta a passar à próxima geração. Cresci com os escoteiros, e cada ano que passava sentia que aqueles fins de semana eram cada vez mais valiosos. Não vou mentir, é obvio que havia momentos de tédio, mas esse momento mais baixo era compensado muitas vezes por outros momentos que noutro sábado ou noutro fim-de-semana se revelavam enriquecedores, assim como a vida os escoteiros são feitos de altos e baixos. No entanto, o mais importante é que com todos estes momentos quer sejam altos quer sejam baixos aprendi sempre alguma coisa, é por este mesmo motivo que costumo comparar os escoteiros, de certa forma, a uma escola da vida. As capacidades terrenas que pude ganhar no escotismo tais como a capacidade de sobrevivência ou de velejar foram importantes. No entanto, o sentido de responsabilidade, o espírito de companheirismo, a capacidade de nos contentarmos com pouco(humildade), o apreciar das coisas mais pequenas da vida, a capacidade de fácil adaptação em qualquer lugar ou a qualquer cultura ou a qualquer género de pessoa foram as mais notáveis qualidades que ganhei ou melhorei nesta minha grande caminhada pelo escotismo. Ao escuteiro quando é lhe dado alguma tarefa terá de a cumprir sem preconceitos, o escoteiro come aquilo que for cozinhado pelos seus companheiros ou chefes sem se opor, o escuta não tem vergonha em animar os outros no “fogo de conselho”, o escoteiro trabalha em equipa para fazer uma construção, para velejar ou até para acabar uma caminhada. Creio que quando algo que dá este tipo de qualidades ou capacidades a qualquer pessoa, não pode deixar de ser ignorado. O escotismo prepara os homens e as mulheres do futuro, além das capacidades acima referidas, a existência de objetivos ou de metas por alcançar para fazer a promessa é um espelho do dia-a-dia do homem, sem trabalho não se chega aos nossos objetivos ou até mesmo a recompensas. Acampamentos regionais, nacionais ou até mesmo mundiais (o tão famoso Jamboree) ou até simples atividades de intercâmbio entre agrupamentos, fazem nos contactar com diversas pessoas ou até culturas e experienciar com elas diversos momentos de competição e de companheirismo criando ligações para a vida. Contudo, o escotismo não se revela um ganho só para quem o faz, ainda que, quem o faça seja o mais beneficiado, o escotismo também se revela uma mais valia para quem é alvo das ações do escoteiro. Nas leis do escuta, que tentamos seguir ao máximo, contêm parâmetros tais como “O escuta protege as plantas e os animais”, “O escuta é amigo de todos (...)”, ou ainda, “O escuta é (...) respeitador do bem alheio”. Como é possível constatar, as ações escutistas têm em conta o bem alheio, e ações de caridade, voluntariado ou até uma simples boa ação (por exemplo: ajudar alguém quando este está num mau momento) é algo que nos é ensinado e, se compreendido, fica-nos inerente. Sem me estender mais neste complexo tema, será possível concluir que não haverá muitos outros movimentos, fenómenos ou corpos que deem tanto à sociedade, muitas vezes sem esperar nada em troca, e que ao mesmo tempo dê este tipo de valores, capacidades ou experiências a quem o faz.

Sempre mais além!

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