Oposição denuncia detenção de membro da equipa de Guaidó e familiares
A oposição venezuelana denunciou hoje que um membro político da equipa de trabalho de Juan Guaidó, a mulher e os filhos, um deles menor, foram detidos pelas Forças de Ações Especiais (FAES) e responsabilizou o regime pela sua integridade física.
“Atenção: as FAES, um grupo de extermínio da ditadura, sequestrou um membro da equipa de Juan Guaidó, junto com a sua família. Responsabilizamos o regime de Nicolás Maduro pela integridade física de Vicente Borjas, da mulher e filhos, e exigimos a imediata libertação”, anunciou o Centro de Comunicação Nacional (CCN) da oposição.
O anúncio foi feito através do Twitter, acompanhado por uma foto em que o político aparece com a mulher, as duas filhas e o filho.
Juan Guaidó reagiu às detenções considerando-as uma resposta aos esforços da oposição, que lidera, para impedir que o Banco de Inglaterra entregue as reservas de ouro da Venezuela. Segundo o Governo do Presidente Nicolás Maduro, estas serão utilizadas para prestar assistência social aos venezuelanos.
Guaidó relacionou ainda as detenções com as acusações da oposição de que o regime terá financiado a frustrada invasão marítima de 03 e 04 de maio passados, para ter motivos para perseguir os opositores.
“Sequestrar Vicente e a sua família é a resposta da ditadura, porque protegemos o ouro. Revelamos que os seus fantoches financiaram a operação em Macuto e trouxemos ajuda humanitária”, escreveu na sua conta do Twitter.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir aos funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, e convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
Desde então a oposição venezuelana tem denunciado estar a ser perseguida pelas FAES e pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços secretos).
Em março de 2019, oficiais do SEBIN detiveram o chefe do gabinete de Juan Guaidó.
Em 08 de maio seguinte foi detido o advogado e político venezuelano Édgar Zambrano, vice-presidente do parlamento, acusado de traição à pátria pelo regime. Foi libertado em 17 de setembro devido a um acordo entre um grupo minoritário de partidos opositores com o Governo de Maduro, durante uma tentativa de diálogo nacional.
Em fevereiro de 2020, após um périplo internacional, foi detido Juan José Márquez, tio de Guaidó, quando chegava a Caracas desde Lisboa, num voo da TAP. Márquez foi acusado de transportar explosivos e o regime suspendeu por 90 dias os voos da companhia aérea portuguesa para o país.
Na semana passada, o Ministério Público venezuelano pediu ao Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela que declare o partido opositor Vontade Popular, do qual Juan Guaidó fez parte até janeiro de 2020, como organização terrorista.