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A vida para além da Covid 19

A nossa resiliência não se esgota com a capacidade de resistir ao vírus mas, também, de resistir economicamente para que nada nos falte.

A história tem-nos presenteado com pandemias ao longo dos séculos e, com elas, os resultados dramáticos das mortes de milhares e até milhões de pessoas em todo o mundo, permitiu-nos aprender e tomar medidas de proteção e contenção das doenças. Por muito que custe, o isolamento social é sempre a melhor medida aliada a protocolos de higiene. A Madeira tem-se destacado do mundo pela forma como lidou, desde a primeira hora, com a propagação desta doença e os resultados estão à vista. No geral, todos têm sido heróis pela forma cívica como se têm comportado. Todos, dando o seu contributo e cumprindo as regras, permitirão vencer o desafio da saúde.

Mas, e a vida para além da doença? O nosso trabalho, a nossa capacidade de nos mantermos economicamente, a nossa sanidade mental pela ausência do convívio. Estes começam a ser os nossos principais desafios. Podemos estar à beira do colapso económico e social e é aqui que o governo terá um desafio difícil e complexo de resolver. Muitas medidas de apoio financeiro foram anunciadas a nível nacional e regional, mas quase nada tem chegado às empresas e, consequentemente, aos trabalhadores. A frase mais ouvida começa a ser... SE NÃO MORREMOS DA DOENÇA, MORREMOS DA CURA. A Administração Pública continua com processos complexos e burocráticos que levam a uma demora tal que os momentos atuais não se compaginam. Por isso, é preciso rapidamente pensar numa forma dos apoios chegarem atempadamente a quem precisa. Tempo de espera para que as empresas e famílias tenham apoio é algo que, neste momento, ninguém tem. Muitos pensarão: “Fácil dizer tudo isto o problema é como fazer.” Tenho lido e ouvido tantas opiniões de especialistas económicos, mas muitas são contraditórias dificultando uma opinião formada sobre o caminho a seguir. No entanto, não tenho dúvidas que, poderá vir a ser necessário, para muitas famílias, o “cheque básico” e vales de alimentação para as despesas familiares. A fome e a impossibilidade de pagar as despesas mais básicas como água, luz, gás e prestação/renda de casa, será, infelizmente, uma realidade num cenário económico negro que se avizinha. Por tudo isto só posso desejar, mais uma vez, coragem e espírito de missão ao Governo Regional e, de uma foram geral, a todos os Madeirenses. A nossa resiliência não se esgota com a capacidade de resistir ao vírus mas, também, de resistir economicamente para que nada nos falte.

P.S. Chocou-me uma análise económica cruel, pela forma como foi colocada, que ouvi: nos países em que os lares foram dizimados pela COVID-19 e com um alto índice de mortalidade de idosos, o sistema de saúde e social terá um alívio considerável pois estes idosos representavam um “peso económico”. Aí está o valor da vida humana para muitos. Proteger todos, mesmo quem é um “fardo económico” é um principio elementar da nossa condição humana e deve nortear sempre a nossa ação.

P.S.1- Não me canso de enaltecer os heróis dos nossos tempos, estes são todos os que estão na linha da frente e que de forma abnegada, profissional, dedicada e com enormes sacrifícios de tudo fazem para que nada nos falte. Obrigada a todos.

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