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Do medo à economia

A pandemia que a China irradiou por todo o planeta é ainda um manto de desconhecimento que expôs a extrema fragilidade da nossa sociedade dita da informação. Rápida e imediata. E esse ângulo morto que nos deixa para já, às cegas, advém sobretudo do desconhecimento sobre as características desse minúsculo organismo que, sorrateiramente se faz transportar potencialmente por cada um de nós, e que, nos força a um comportamento estranho à nossa maneira de ser e de estar em comunidade. Daí que o medo funcionou nos primeiros estádios de confinamento, mas aos poucos, tal com um alimento perecível, essa fobia social estranha tem um prazo de validade que aos poucos vai vencendo a data. Mas mais óbvio que o esgotamento desse tempo mental, da prisão voluntária, é a pressão da economia e das nossas necessidades quotidianas, donde nos provém o rendimento essencial para termos a mesa composta, e o leque das rendas domésticas sobre as quais as nossas vidas estão alicerçadas, delas dependendo. E como temos visto em todo o lado, a panela em pressão está quase a rebentar pelo que os poderes públicos e as autoridades sanitárias começam a aliviar a braçadeira, confiando em larga medida na sorte, no devir, mas sobretudo no NOSSO bom senso. E esta é a pedra de toque que está nos ombros de cada um de nós, enquanto não há remédio nem vacina que anule as maleitas deste microrganismo infeccioso. Associada a esta nova fase do aligeiramento das medidas restritivas, pode estar uma falsa sensação de segurança ou imunidade se desprezarmos os constantes alertas e a adopção dalgumas medidas que tibiamente foram sendo assumidas, como o uso das máscaras. Todavia, paira sempre no horizonte as incógnitas do devir de curto prazo como a avaliação dos estudantes, o esboroamento da nosso débil economia e a resistência mental de podermos ser confrontados com a possibilidade dum retrocesso da situação epidemiológica e de uma vindoura vaga da pandemia. Ou seja, para já o nosso horizonte é de curto prazo sem que o “homo economicus” possa estivar ou hibernar indefinidamente. As moratórias de créditos e as rígidas teias burocráticas de acesso a ajudas públicas evidenciam um Estado pouco fluido nas respostas, e que se serve sempre dos mesmos intermediários financeiros, que tanto depauperamento provocou nos bolsos de todos nós nos últimos anos. A economia acaba sempre por vencer o medo e apresenta mais fortes argumentos do que a ciência, cujo método reclama tempo que a economia não condescende em ávida e sôfrega ultrapassagem. Daí que resta o senso. Preferencialmente o bom que nos permita manter a cabeça à tona, nas revoltas águas de remoinhos com perguntas ainda afogadas sem respostas.

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