Termina motim em prisão na cidade brasileira de Manaus com 17 feridos
O motim numa prisão na cidade de Manaus, capital do estado brasileiro do Amazonas, um dos mais atingidos pela pandemia de coronavírus, terminou no sábado com 17 feridos e a entrega dos reféns, segundo fontes oficiais.
As autoridades locais informaram que os presos da Unidade Penitenciária de Puraquequara, na zona leste de Manaus, iniciaram uma rebelião na manhã de sábado, durante a distribuição do pequeno-almoço.
Foi nesse momento que um grupo de prisioneiros conseguiu sair das suas celas, queimou alguns colchões e fez como reféns sete agentes penitenciários.
Os presos exigiam melhores condições dentro da cadeia, as quais se degradaram ainda mais desde o início da pandemia do novo coronavírus, que levou ao colapso total dos serviços médicos e funerários do Amazonas.
Batalhões de choque da Polícia Militar dirigiram-se ao local, que acolhe cerca de mil prisioneiros, e iniciaram um processo de negociação de aproximadamente cinco horas com os amotinados, que terminou com sucesso, sem registo de mortes.
O balanço foi de 17 feridos, dez deles agentes penitenciários.
Na mesma unidade prisional, várias tentativas de fuga foram registadas nas últimas semanas, uma delas através de um túnel descoberto no sábado pelas autoridades.
Desde março, o governo do Amazonas suspendeu as visitas familiares às prisões da região para evitar a disseminação do novo coronavírus.
O estado do Amazonas, que faz fronteira com a Venezuela, Colômbia e Peru e tem cerca de quatro milhões de habitantes, é o quinto estado brasileiro com mais casos da covid-19, contabilizando até ao momento 501 mortes e 6.062 casos de infeção.
Segundo dados oficiais, o número de enterros nos cemitérios municipais de Manaus passou de uma média diária de 30 para 120, nas últimas duas semanas.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, pediu ajuda ao primeiro-ministro português, António Costa, queixando-se da falta de apoio do Governo brasileiro para responder à pandemia, noticiou no sábado a TVI.
Numa reportagem emitida na noite de sábado pela estação televisiva, o autarca de Manaus, capital do Estado do Amazonas, afirmou que endereçou um vídeo ao primeiro-ministro português, que disse conhecer pessoalmente e a quem pediu ajuda, a que “tem faltado do Governo Federal” brasileiro.
Arthur Virgílio Neto reportou uma “situação de desespero”, de “falta de meios para enfrentar convenientemente” a doença.
Manaus, cuja rede hospitalar já se encontra em rutura há algumas semanas, já começou a abrir valas comuns para agilizar os enterros.
Além a situação ligada à pandemia, no ano passado, Manaus foi palco de motins sangrentos e brigas carcerárias, causados por lutas pelo poder entre gangues rivais ou entre diferentes correntes da mesma fação criminosa.
Uma das últimas ocorreu há quase um ano, no final de maio de 2019, quando foram registadas lutas em várias prisões de Manaus, que deixaram pelo menos 55 mortos.
Em 2017, uma batalha sangrenta entre presos de fações rivais deixou 56 pessoas mortas, muitas delas decapitadas, e quase 200 prisioneiros escaparam.
O sistema penitenciário brasileiro é considerado, por organizações internacionais de direitos humanos, como um dos “piores” e “mais desumanos” do mundo.