Até que ponto é que os Madeirenses contam para a República?
Pela via do diálogo e da concertação – numa postura que ainda mantemos – nada resultou, o que resta fazer?
Há momentos na vida que são decisivos. Respostas que não sendo dadas na altura certa, perdem o seu efeito prático e prejudicam milhares de pessoas. Decisões que arrojadas ou não, têm de ser tomadas, por quem de direito, em nome daqueles que esperam soluções e não apenas propaganda.
E é aqui que, lamentavelmente, não se entende a postura do Governo da República para com a Região. Uma postura absurdamente defendida e demagogicamente apoiada pelos socialistas de cá. Os mesmos que, infelizmente, continuam a preferir o lado de lá do que a defesa do nosso povo.
Não há – repito não há – qualquer justificação plausível para o que acontece nos últimos meses. Para o desprezo com que temos vindo a ser tratados, nas nossas reivindicações, numa fase tão delicada e excecional como aquela em que vivemos face à pandemia.
Pandemia que, aliás, gerimos e contivemos, até hoje, de forma exímia e exemplar, nacional e internacionalmente, recorrendo, apenas e tão só, ao nosso Orçamento Regional. Quanto mais não fosse por isso, merecíamos outra consideração e respeito.
Infelizmente, nada. Nem respeito, nem consideração, nem apoio. Muito menos solidariedade.
Nada nos chega do lado dos que apenas se lembram da Madeira e dos Madeirenses em altura de campanha eleitoral e quando, ao ritmo dos saltos dados em palco, se prometem mundos e fundos que rapidamente caíram por terra assim que o PSD ganhou as eleições.
Nada se vislumbra por parte de quem devia olhar para o País como um todo.
De quem devia ser o primeiro a fomentar a equidade e a justiça, não, a discriminação negativa dos portugueses, em função das regiões ou zonas onde estes vivem.
Nada nos é dito por parte de quem diariamente anuncia – e bem – projetos, programas e medidas especificas de apoio para todo o País e não tem sequer um minuto – muito mal – para pensar que há mais mundo para além do retângulo, que Portugal se realiza e completa, a todos os níveis, também graças às suas duas Regiões insulares.
Nada acontece por parte de quem tinha a obrigação e o dever, quanto mais não fosse moral, de entender que a política não justifica tudo e que há momentos em que é preciso elevar um pouco mais a nossa ação, porque é dessa elevação que dependem milhares de cidadãos.
Uma falta de resposta infelizmente apoiada por um Presidente da República – o tal que se diz ao lado de todos os Portugueses – que, também no que toca à Madeira, nada diz, preferindo ser conivente com uma atuação repudiante e vergonhosa que deixa muito a desejar.
E é perante tudo isto que talvez seja importante questionar, de uma vez por todas, até que ponto é que os Madeirenses contam para a República.
O que mais precisamos de fazer para sermos ouvidos?
É que se pela via do diálogo e da concertação – numa postura que ainda mantemos – nada resultou, o que resta fazer?
Será assim tão difícil fazer ver, a António Costa e aos seus pupilos, que quem sai prejudicado desta total ausência de resposta não é o Governo Regional, mas, sim, o nosso povo? Cada um de nós? Será assim tão difícil de entender que quem paga a fatura dessa sua falta de respeito e solidariedade são as nossas famílias, os nossos empresários, os nossos trabalhadores e toda uma Região que, cumprindo com os seus deveres, fica sempre sozinha quando mais precisa?
Não, julgo que António Costa já percebeu isso há muito, o que ainda torna tudo mais grave. Assim como é grave que cada Madeirense tenha a infelicidade de ter de lembrar, consecutivamente, ao Primeiro-Ministro, que também é um cidadão português e que, tal como obrigações, tem direitos que tardam em ser atendidos e que não raras vezes são postos em causa.
Se para a República, os Madeirenses nada contam, desenganem-se que nós, por cá, temos uma opinião bem diferente.
Estamos cansados de estar ao lado de um País que não está ao nosso lado, mas nem por isso desistiremos de cumprir e de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a nossa Região ultrapasse, como sempre, mais este enorme desafio de recuperação.
Até agora, fomos exemplo e continuaremos a sê-lo, sozinhos ou acompanhados, numa luta que, insisto, não tem cor partidária, nem idade, nem sexo, nem religião nem qualquer outra referência.
Continuaremos a insistir nas respostas que nos devem, com responsabilidade, seriedade e determinação. Não baixaremos os braços nem muito menos abdicaremos daqueles que são os nossos direitos fundamentais, seja junto da República seja na Europa.
Temos de continuar a cuidar de quem mais precisa, acautelando todas as respostas sociais e de qualquer outra natureza que se afigurem como necessárias. Temos famílias a quem responder, empresários para apoiar e muito para fazer em prol da nossa população, a quem, acima de tudo, devemos respeito.
Porque nós, Madeirenses, somos tão Portugueses como quaisquer outros cidadãos do nosso País.
E até existe algo que só nós, Madeirenses, temos mais do que ninguém: a nossa força e capacidade de ultrapassar e vencer adversidades.
Teremos, agora e juntos, a oportunidade de fazer valer essa nossa diferença ao País que nos esquece, mas do qual fazemos parte!