Um terço dos participantes em inquérito reduziu consumo ou deixou de fumar durante a pandemia
Um terço dos inquiridos num estudo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) sobre os hábitos tabágicos no período de confinamento reduziu ou cessou o consumo de tabaco durante o isolamento devido à pandemia de covid-19.
O inquérito online, que recolheu mil respostas, pretende assinalar o Dia Mundial Sem Tabaco, em 31 de maio, e visou aferir os hábitos tabágicos dos portugueses durante o confinamento, numa altura em que o tabagismo é apontado como fator de risco de desenvolvimento e agravamento das infeções respiratórias associadas à covid-19.
Segundo a SPP, os dados preliminares apontam o lado positivo de que cerca de um terço dos inquiridos reduziu ou cessou o consumo do tabaco, mas também que “pouco mais de um quarto” aumentou o consumo, “o que pode ser explicado pelo maior stresse e ansiedade associados ao confinamento e à incerteza da pandemia”.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia, em comunicado, considera surpreendente a “evolução positiva” dos consumidores que em tempo de pandemia deixaram de fumar espontaneamente ou reduziram o consumo, e o médico pneumologista da SPP José Pedro Boléo-Tomé sublinha a relevância de que quase metade dos inquiridos tenha deixado de fumar sem qualquer ajuda específica.
A propósito dos resultados do estudo, o médico destaca que “a pandemia pode representar uma boa oportunidade para aumentar a cessação tabágica” e que “deixar de fumar pode ser das atitudes mais eficazes para reforçar a imunidade, prevenir a covid-19 e reduzir a mortalidade”.
José Pedro Boléo-Tomé reafirma que “não existem ainda estudos desenhados especificamente para perceber melhor a influência do tabaco na transmissão ou desenvolvimento da covid-19, mas que os dados que a SPP já dispõe “mostram de forma clara que, dos doentes com covid-19, os que têm história de tabagismo têm a doença mais grave, precisam mais de cuidados intensivos e de ventilação mecânica e morrem mais”.
“Em tempo de pandemia, importa reduzir todos os fatores que sejam potenciadores do risco. O tabaco enfraquece o sistema imunitário tornando-o menos capaz de responder aos agentes infecciosos, como é o caso do novo coronavírus”, reforça António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia,
Este ano a SPP assinala o Dia Mundial Sem Tabaco com a realização do webinar “Perguntas e respostas -- tabaco e imunidade”, onde vão estar em debate os efeitos do tabagismo no sistema imunitário e onde serão apresentados os resultados do inquérito realizado.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 360 mil mortos e infetou mais de 5,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,3 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.383 pessoas das 31.946 confirmadas como infetadas, e há 18.911 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.