Um terço dos portugueses tem planos para férias dos quais metade admite alterar
Um terço dos portugueses tem planos para férias, mas metade admite alterar, segundo um estudo da GfK realizado em meados de abril sobre o impacto da covid-19 no consumidor hoje apresentado pelo diretor-geral, António Salvador.
“Fizemos um estudo na segunda metade de abril, com 1.044 entrevistas”, ‘online’ e complementadas com entrevistas telefónicas, representativas da população portuguesa, onde uma das principais conclusões é de que “os portugueses têm a saúde em geral e o vírus, em particular, como principal preocupação, a par de elevados receios em relação à economia e ao desemprego”, afirmou o diretor-geral da GfK Portugal.
António Salvador falava na ‘web’ conferência sobre os indicadores de mudança nos hábitos dos consumidores e os dados de negócio no mercado de bens tecnológicos em período de pandemia de covid-19.
“Diria que existe mesmo algum pessimismo no que diz respeito à convivência futura com pessoas infetadas e, quanto à duração da pandemia, cerca de metade da população presume que” esta “dure mais quatro meses”.
No que respeita a viagens, “a esmagadora maioria dos inquiridos não tinha grandes planos de viagem e para os que tinham, curiosamente, a percentagem de cancelamentos é sempre superior à de não cancelamentos”, prosseguiu o responsável.
No que respeita às férias de verão, “são cerca de um terço os que têm planos”, mas, “deste terço, cerca de metade estão a pensar em alterar”, acrescentou António Salvador.
Sobre os sítios de férias para onde pretendem ir, a maioria responde costa portuguesa, um país europeu, interior de Portugal, Açores e Madeira, sendo que os destinos mais longínquos são preteridos pelos mais próximos.
Isto demonstra que são “prudentes, querem ficar por perto” ao manifestar pretender viajar de carro e ir para locais com pouca gente e, sobretudo, “esperar que tudo acalme para que tomem uma decisão”, considerou.
Além disso, 75% afirma que “não fará planos de viagens até que a situação volte à normalidade” no país.
“Nota-se uma atitude realista quando os inquiridos veem no esforço médico e na contenção e não no calor e no passar do tempo os principais meios para derrotar o vírus”, salientou.
De acordo com o estudo, o vírus da covid-19 “provocou transformações nos hábitos dos inquiridos”, com os portugueses a refugiarem-se mais em casa, a deixarem de estar com amigos e familiares e a uma enorme redução do uso de transportes, explicou.
O consumo de televisão, navegação na Internet, ver filmes, séries, notícias e ouvir música em ‘streaming’ caracterizam os hábitos dos portugueses neste período, a par das lides domésticas, limpeza da casa e até culinária.
“Estas transformações foram profundas, naturalmente diminuiu a frequência de compras em centros comerciais, em mercados ao ar livre, como também fortemente as compras de roupa, de móveis, de bricolage”, disse António Salvador.
Outra das alterações foram as compras de alimentos não perecíveis por cerca de 40% da população, entrega de comida ao domicílio em 20% e as compras ‘online’ de produtores alimentares por um quarto da população.
“Claro que as lojas físicas continuam a ser muito importantes e três quartos da população continua a fazer a maioria das suas compras em lojas físicas”, referiu.
De acordo com a opinião dos inquiridos, os profissionais de saúde são “os que estão a fazer os maiores esforços para ajudar o povo português, juntamente com as forças de segurança”, como também o pessoal que está nas ruas, nas lojas, a vender produtos de primeira necessidade.
Neste inquérito, as forças de segurança posicionaram-se “muito melhor do que é habitual”.
Sobre a informação sobre a pandemia de covid-19, a quase totalidade dos inquiridos (94%) afirma-se bem informado (36%) ou algo informado (58%).
Relativamente à informação confiável, os inquiridos apontam as que proveem dos especialistas, das fontes oficiais especializadas.
“Há um grande ‘gap’ entre essas fontes e as restantes”, referiu o diretor-geral da GfK.
Por exemplo, 71% apontou a Organização Mundial de Saúde (OMS) como fonte de informação confiável, seguida da Direção-Geral da Saúde (DGS), com 63%, e dos médicos/investigadores, com 61%, sendo que os jornalistas recolheram 7%.
“Com o confinamento esta procura de informação recaiu fortemente sobre a televisão e imprensa ‘online’ e a Internet, em geral”, afirmou o responsável.
No caso da televisão e imprensa ‘online’, “é muitas vezes referida a garantia de credibilidade, o que já não acontece com a Internet e, sobretudo, com as redes sociais”, salientou.