Prefeito de São Paulo defende reabertura da economia com hospitais quase lotados
O prefeito de São Paulo defendeu hoje a reabertura económica gradual naquela cidade brasileira, que ocorrerá a partir de segunda-feira, mesmo com a taxa de ocupação das unidades de cuidados intensivos a exceder os 90%.
“Infelizmente ainda não virámos a página, mas, devido aos índices conquistados, podemos falar de um retorno tranquilo e gradual”, disse o prefeito Bruno Covas, numa conferência de imprensa virtual.
Segundo dados oficiais, São Paulo, a maior cidade sul-americana, com 12 milhões de habitantes, regista 54.900 casos confirmados de covid-19 e 3.600 mortes.
Em números absolutos, é a cidade mais afetada do Brasil, país que é o foco da doença na América Latina com 25.598 mortes e 411.821 casos de infeção pelo novo coronavírus, sendo ainda o segundo país do mundo com maior número de casos confirmados, depois dos Estados Unidos.
Segundo Covas, a taxa de ocupação das unidades de cuidados intensivos nos hospitais municipais estavam acima de 92% na quarta-feira e, desde o início de maio, ainda não baixou dos 85%.
As últimas previsões feitas por especialistas indicam que o pico da doença só será atingido entre junho e julho na região.
No entanto, o prefeito ressaltou que, desde o início da pandemia, duplicou para mil o número de camas nas unidades de cuidados intensivos e informou que outras 500 estão programadas para abrir, a fim de evitar o colapso da rede pública.
“A preocupação continua, o vírus ainda está aí. Não podemos repetir o erro de outras cidades que começaram a reabrir e tiveram de voltar atrás”, disse Bruno Covas.
O prefeito indicou os próximos passos que a cidade tomará, depois que o Governo do estado de São Paulo, o mais rico e industrializado do país, anunciar a reabertura gradual e “consciente” da economia a partir de 01 de junho.
As autoridades de saúde de São Paulo estabeleceram um cronograma com cinco fases, que serão aplicadas em cada região do estado de maneira diferente.
Nesse sentido, os municípios incluídos na primeira fase continuarão numa quarentena “branda”, em vigor desde o final de março, com apenas os serviços essenciais em funcionamento.
Os municípios que estão na fase dois poderão reabrir “com restrições” imobiliárias, concessionárias de veículos, escritórios, lojas e centros comerciais.
Para determinar em que fase cada localidade se enquadra, foram estudados o número de casos e óbitos, as camas disponíveis em hospitais, entre outros índices, como o uso de máscaras e o isolamento pela população.
Com base nesses parâmetros, a cidade de São Paulo foi enquadrada diretamente na fase dois, mesmo com o facto de a sua curva de contágio continuar alta, e a sua região metropolitana ainda estar na fase um.
Essa situação preocupa especialistas, porque as duas zonas estão extremamente integradas e o fluxo de pessoas é alto, o que pode levar ao ressurgimento de novos casos.
Por sua vez, Covas garantiu que o plano preparado pelo governo de São Paulo “segue parâmetros internacionais” e que, embora hoje a capital paulista tenha uma taxa de contágio de 1%, espera que a próxima semana esteja abaixo dessa percentagem.
No entanto, o prefeito afirmou que, a partir de 01 de junho, a reabertura dos negócios autorizados não será imediata, uma vez que deverão apresentar uma série de protocolos de saúde, comunicação e segurança, os quais devem ser aprovados pelas autoridades.
Covas insistiu que ainda é necessário manter o distanciamento social, o uso de uma máscara nas ruas - que agora é obrigatório - e evitar multidões, porque se os índices “piorarem” a cidade pode retroceder na sua fase.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 357 mil mortos e infetou mais de 5,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.