Bruno de Carvalho confirma intenção de pedido de indemnização ao Estado
O antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho confirmou hoje a intenção de avançar com um pedido de indemnização ao Estado português e referiu que não saiu com “sentimento de justiça”, apesar da absolvição no processo da Academia.
Entrevistado no Jornal das 8, do canal generalista TVI, o líder dos ‘leões’ no momento da invasão da Academia Sporting, em 15 de maio de 2018, lembrou, no entanto, que quando se move uma ação pecuniária contra o Estado é necessário “estipular o montante e pagar sobre esse valor” para iniciar o processo.
“Nesse julgamento vou ver julgado não só o Estado, mas também aquilo que perdi. Acho tudo isto impensável”, criticou Bruno de Carvalho, já depois de considerar que “no processo penal sim [fez-se justiça]”, mas que não nutre do mesmo sentimento “enquanto pai e filho”.
“Foi um assassinato de caráter tão grande que vai demorar a resolver. Há muita gente que continua com o estigma de que não foi feita justiça e que [a absolvição] foi por falta de provas. Este caso não é um bom exemplo para dar uma perceção de justiça às pessoas”, reforçou Bruno de Carvalho.
Sobre a eventual readmissão como sócio do Sporting, Bruno Carvalho foi ligeiramente mais expansivo do que horas antes, quando falou à saída do Tribunal de Monsanto, e afirmou taxativamente que “os sportinguistas deviam solicitar uma Assembleia Geral para o regresso enquanto associado de plenos poderes”.
“A primeira coisa de justiça era as pessoas admitirem que foi Alcochete que motivou isto [a expulsão de sócio do clube] e, no mínimo, deviam readmitir-me”, considerou o antigo presidente do Sporting.
Questionado sobre se após uma eventual readmissão como associado admite candidatar-se novamente à presidência do clube, ambição que, de acordo com as palavras do entrevistador, “nunca escondeu”, Bruno de Carvalho foi evasivo.
“Nunca escondi que acho que fiz um excelente trabalho, que é algo em que me considero bom e que me senti muito honrado”, afirmou.
Já em relação à invasão da Academia em si, o antigo presidente ‘leonino’ reforçou a ideia de que sempre considerou ter-se tratado de “um crime hediondo” e disse, referindo-se aos acontecimentos que se seguiram, que só ocorreram, precisamente por ser “inocente e um cidadão igual aos outros”.
“Era impensável acontecer no Benfica ou no FC Porto e infelizmente já houve agressões nos três. Como cidadão, fiquei horrorizado com o que aconteceu em Alcochete, mas também com o que aconteceu em Guimarães três meses antes e ninguém ligou”, recordou o antigo presidente do Sporting.
Quanto aos acontecimentos após a invasão, Bruno de Carvalho lamentou que as pessoas não tenham “questionado o que tinha acontecido” antes de lhe apontarem o dedo acusatório e nomeou novamente “as principais figuras do Estado português”, que acreditava que também existiam para o “proteger”, além de pelo menos “um jogador” do plantel ‘verde e branco’.
“Chego à Academia e a primeira coisa que acontece é um jogador vir dizer-me que eu fui culpado. Estou muito bem e vejo a intervenção do Presidente da República a apontar-me o dedo e o presidente da Assembleia da República a acusar-me taxativamente, dizendo o meu nome”, recordou.
O antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho foi hoje absolvido da autoria moral da invasão à Academia do clube, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, no processo que decorreu no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.
Na leitura do acórdão, que decorreu no tribunal de Monsanto, em Lisboa, o coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires, considerou que não foram provados factos contra Bruno de Carvalho, que liderou os ‘leões’ entre 2013 e 2018.
Igual conclusão tiveram sobre o líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, conhecido por Mustafá, e sobre o ex-Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do clube Bruno Jacinto, que, tal como o antigo presidente, estavam acusados da autoria moral da invasão.
Já nove dos arguidos do processo foram condenados a prisão efetiva e 28 a penas suspensas, por crimes de ameaça agravada e ofensa à integridade física.
O processo do ataque à Academia - onde, em 15 de maio de 2018, jogadores e equipa técnica do Sporting foram agredidos por adeptos ligados à claque ‘leonina’ Juve Leo -, tinha 44 arguidos, acusados de coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.