Ordem dos Médicos pede que se deixe de ter medo de voltar aos hospitais
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) apelou hoje às pessoas para que “deixem de ter medo” e vão aos hospitais porque estes “asseguram a qualidade do serviço” e “diferentes vias para doentes covid e não covid”.
“Em primeiro lugar, continuem a cumprir as regras definidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e deixem de ter medo. O medo neste momento mata mais do que outra coisa qualquer. As pessoas que têm consultas marcadas, exames auxiliares de diagnóstico, cirurgias programadas devem comparecer nos seus hospitais”, disse Miguel Guimarães.
O bastonário frisou que “os hospitais asseguram a qualidade do serviço, asseguram vias diferentes de doentes covid e não covid” e apontou que existem tratamentos atrasados, o que “em algumas doenças pode ser fatal”.
“Gostava de deixar este apelo porque não se pode apelar apenas à ida ao restaurante. É ir aos hospitais. Há muita gente a precisar de tratamento que estão a ficar atrasados e cada dia a mais de atraso pode ter consequências ao nível da morbilidade e ao novel da mortalidade”, disse Miguel Guimarães.
O bastonário da OM falava aos jornalistas à margem da assinatura de um protocolo com a Associação Empresarial de Portugal (AEP), que visa angariar donativos criar um novo Centro de Infecciologia no Hospital de São João (HSJ), no Porto, um projeto de 2,5 milhões de euros para tratamento, investigação e formação.
Esta iniciativa surge no âmbito da “SOS - Coronavírus”, uma campanha criada pela AEP em março que tem como objetivo a angariação de fundos, cujos montantes são atribuídos atendendo às necessidades existentes no país, num processo articulado com a OM.
“Esta pandemia dá-nos um conjunto de lições, mas a principal lição que dá é que a saúde é demasiado importante para ser esquecida pelos vários Governos seja da Europa, seja do resto do mundo, nomeadamente pelo Governo português. Espero que quem tem poder político tenha percebido que é fundamental investir na saúde”, disse Miguel Guimarães.
O bastonário sublinhou o facto de a “saúde ter a capacidade” de, “quando acontecem coisas deste género”, por “o país inteiro a mexer” e, acrescentou, “por as pessoas a falar da TAP, das empresas, dos ‘layoffs’, de tudo desde a educação à justiça e obviamente à economia”.
“Este é o momento de começarmos todos a ajudar. É importante que todas as pessoas da sociedade civil, e obviamente os governos invistam no Serviço Nacional de Saúde. Percebemos que o impacto negativo que uma crise destas - e estas crises vão acontecer mais vezes - tem na economia pode ser desastroso para todos nós”, sublinhou.
Também questionado sobre o aumento de casos de infeção associado ao novo coronavírus na zona de Lisboa e Vale do Tejo, Miguel Guimarães disse que deve ser encarado de forma natural.
“Apesar de tudo o que tem acontecido no país nesta fase é mais ou menos uma constância no número de casos de infetados e o número de mortes até tem vindo a diminuir gradualmente. Isto vai ser assim durante mais algum tempo, não é sinal de alarme”, referiu.
Para o bastonário “é natural que no Norte os casos diminuam e é possível que na região da Grande Lisboa os casos possam subir um bocadinho”.
“Até porque as ligações que existem entre Lisboa e o resto do mundo são muito fortes e apareçam casos que estavam por diagnosticar”, concluiu.
Portugal contabiliza 1.356 mortos associados à covid-19 em 31.292 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado na terça-feira.
Relativamente ao dia anterior, há mais 14 mortos (+1%) e mais 285 casos de infeção (+0,9%).
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.