Do silêncio fez-se o medo
Os direitos serão sempre consequência dos deveres. Porque acontecem por vezes atitudes de extremismo ou radicalismo? Porque os culpados começam a sentir fugir-lhes o tapete debaixo dos pés, muito à custa dos seus sucessivos erros, e serão quase sempre aqueles que provocaram esse tipo de comportamentos, e que dependerá muito dos contornos a nível de que uma sociedade possam vir a atingir. Será que mesmo revoltados, teremos que manifestar a nossa tolerância a toda a corrupção da classe política? Será que mesmo desiludidos, teremos que continuar a manter a nossa fidelidade a um partido e ou organização política que em nada defendeu os nossos fundamentais interesses dos cidadãos, apenas e tão só os dos que os patrocinam? Será que mesmo defraudados, teremos que manifestar a nossa concordância com uma justiça que continua a tratar tantos crimes que mereceriam outras penalizações e outros desfechos, que não um perdão, uma redução de pena, uma isenção, ou até simplesmente ignorar-los? cada vez que discordamos ou estando radicalmente contra alguma medida ditada pelos governantes, se não manifestar-mos essa intolerância, estaremos a tornar-nos «cúmplices» de um crime perante a sociedade. Uma acto de dignidade, de coragem e de cidadania sempre que nos seja exigido e sem qualquer tipo de medos em manifestar a nossa discordância naquilo que realmente e durante tanto tempo tem castigado a nossa sociedade. Porque por vezes o próprio estado cria a revolta dos cidadãos. Os casos mais latentes são, por exemplo: de serviços ou negócio com o estado e que os prestadores demoram tempo infinito para reaverem o seu dinheiro, por vezes até o perdem, ou nos reembolsos de pagamentos ao estado, mas quando somos chamados a cumprir com o nosso contributo, os prazos têm de ser cumpridos à risca. (pagam-se impostos daquilo que ainda não se recebeu). Daí que o próprio estado é mau exemplo quando no cumprimento de deveres sobrepondo aos direitos. Ao aparecer na cena política alguém que contraia o regime, corrige os maus hábitos, denuncia os erros de forma convicta e pretende reduzir ou eliminar dos cidadãos o medo da indignação e da revolta, logo os defensores do regime que os protege, os sustenta, e manipula a sociedade que manifestamente continua a usar o silêncio como forma de protesto, o medo para reivindicar e a ignorância para apoiar uma modelo de regime que sobrevive muito à custa da ingenuidade do seu povo, e que infelizmente em 46 anos de democracia, ainda não conseguiu se libertar dos medos e erradicar a miséria herdada do antigo regime. Estaremos a um passo do virar a página à democracia, se aqueles que manifestamente se sentem defraudados e que com a abstenção, manifestam em silencio a sua revolta, abraçarem um projecto que faça ouvir a voz do desânimo, da desilusão, do descontentamento e da revolta, porque a democracia permite mudar sem medo a falhar.