Incêndios mataram mais de 400 pessoas na Austrália
Os incêndios que devastaram a Austrália desde setembro e os fumos que estes provocaram terão causado 445 mortes e milhares de hospitalizações, segundo uma especialista ouvida hoje como parte da investigação do Governo australiano.
Mais de 30 pessoas morreram nas chamas dos incêndios e milhares de casas foram destruídas nos fogos devastadores que começaram em setembro de 2019 e terminaram em fevereiro.
De acordo com uma especialista em saúde ambiental, ouvido hoje pela comissão real de inquérito encarregada de melhor preparar a Austrália para enfrentar desastres naturais, se forem tidas em conta as consequências do fumo emitido por esses incêndios, o número de mortos é muito maior.
Fay Johnston, professora associada do Instituto Menzies de Pesquisa Médica da Universidade da Tasmânia, explicou que a sua modelagem mostra que 445 mortes são imputáveis aos incêndios (incluindo o fumo), bem como 3.340 hospitalizações e 1.373 passagens pelas urgências.
“Estimamos que os gastos com saúde, associados a mortes prematuras e internamentos hospitalares, totalizem dois mil milhões de dólares australianos (1,20 mil milhões de euros)”, declarou a especialista.
Segundo Fay Johnston, esse valor é “quase dez vezes maior” do que nos anos anteriores.
No entanto, não leva em conta o custo de ambulâncias, perda de produtividade ou certas doenças cujas consequências são difíceis de modelar, como a diabetes.
“É claro que oscila todos os anos, mas há uma mudança excecional em relação ao que experimentamos nos últimos vinte anos”, acrescentou.
A professora estimou que 80% dos australianos - cerca de 20 milhões de pessoas - foram afetados pelo fumo desses grandes incêndios que destruíram mais de 10 milhões de hectares de terra.
A cidade de Sydney foi envolvida por uma espessa neblina tóxica durante várias semanas, enquanto grandes incêndios queimavam na cidade mais populosa do país. A capital, Camberra, também foi mergulhada em uma espessa nuvem de fumo.
O combate a incêndios na Austrália já foi objeto de várias investigações, com resultados variados. Algumas medidas preconizadas na década de 1930 ainda não foram implementadas, por exemplo.
A investigação atual terá de divulgar as suas conclusões antes de 31 de agosto, ou seja, antes do início da próxima temporada de incêndios.