Venezuela acusa Banco de Inglaterra de bloquear ouro do país
A Venezuela anunciou hoje que o Banco de Inglaterra recusa desbloquear quase 1.000 milhões de dólares (916,50 milhões de euros) das reservas de ouro venezuelanas, que Caracas pretende utilizar para combater a pandemia de covid-19.
O anúncio foi feito pela vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, tendo revelado que o país vai recorrer ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para denunciar a situação e acusado o líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, de pretender apoderar-se dessas reservas de ouro.
“Esse ouro pertence ao património da Venezuela, é inalienável, não é embargável. Assim está estabelecido na nossa Constituição, nas leis para a proteção dos Estados soberanos. A lei da imunidade soberana aplica-se às reservas internacionais”, disse Delcy Rodríguez.
Durante uma alocução televisiva, transmitida desde o Palácio Presidencial de Miraflores, a vice-presidente da Venezuela explicou que o chefe de Estado, Nicolás Maduro, pediu “uma investigação, nos organismos judiciais venezuelanos”, para denunciar perante o TPI os envolvidos no “despojo do ouro venezuelano”.
“O Banco de Inglaterra e o deputado e criminoso de ‘colarinho branco’ Juan Guaidó, juntamente com os seus cúmplices, decidiram fazer um complô para ficarem com o ouro da Venezuela”, afirmou Delcy Rodríguez, garantindo que o executivo exercerá “todas as ações” para defender as reservas internacionais do país.
A vice-presidente da Venezuela alertou ainda os “demais países que, a qualquer momento, o Banco de Inglaterra” pode “desconhecê-los como cliente e ficar com o ouro”.
Em 14 de maio, o Banco Central da Venezuela decidiu recorrer aos tribunais ingleses devido à recusa do Banco de Inglaterra de libertar as reservas de ouro venezuelanas, estando à espera de que comecem as respetivas audiências.
Segundo Caracas, o bloqueio das reservas de ouro integra as “medidas coercitivas, unilaterais e ilícitas” impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela às quais o Reino Unido decidiu aderir.
Delcy Rodríguez relaciona a frustrada invasão marítima de 03 e 04 de maio últimos, a norte de Caracas, com esta situação que tinha como propósito “despojar os recursos do povo venezuelano, tal como aconteceu na Líbia em 2008”.
Segundo a imprensa local, a Venezuela tem 1.200 milhões de euros em ouro retidos no Banco de Inglaterra.
Em 2018, os Estados Unidos anunciaram sanções contra funcionários do Governo do Presidente Nicolás Maduro, por alegadas “transações ilícitas” relacionadas com a venda de ouro venezuelano.
Segundo a ordem administrativa, assinada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, o regime venezuelano e pessoas associadas estariam a “pilhar a riqueza da Venezuela para propósitos próprios, corruptos”.
Para Nicolás Madurom as medidas dos EUA são “dementes, loucas e esquizofrénicas” e prejudicam o setor privado venezuelano.