COVID-19: A angústia de um pobre trabalhador e a esperança da primavera
Em paz o João trabalhava quando o Covid chegou, ninguém o quer em casa, mas em casa ele nos deixou.
A empresa ficou fechada,
a lei manda confinar,
sair só pra comprar comida
se dinheiro algum restar.
Mandaram-no para casa,
em casa João ficou,
mas o salário, afinal,
pra casa ninguém mandou.
Come a sopa dos pobres
porque pobre João ficou,
enquanto o vírus espalha
a fome mais se espalhou.
Terminada a emergência,
calamidade chegou,
o pobre do João sente
a fome é igual, nada mudou.
Todos em casa fechados
sem saber o que fazer,
filhos sem computador
fingem escola aprender.
Lojas e as ruas desertas,
até as igrejas fechadas,
hospitais estão lotados
e as pessoas maradas.
Deixam o cão passear
mas com a criança não,
com idosos muito menos,
alguns doidos ficarão.
Covid atingiu o pobre
também ao rico infetou,
dizem que é democrático
mas nele ninguém votou.
Pra família ter comida,
João teve que pedinchar,
pra calar a fome aos filhos
em fome teve que ficar.
Dizem que há esperança,
mas por mais que João tente,
com tantas promessas vãs
barriga do João não enche.
O Covid não desanda
e a vacina não chegou,
remédio é ficar em casa,
cura quase o João matou.
Muitos já se protegeram
e o perigo atenuou,
mas ninguém pode dizer
do Covid já se livrou.
Mesmo com tempo nublado,
no céu o Sol percorre,
a Lua a alma aquenta
e a esperança não morre.
Tudo isto é um sonho
pesadelo de arrepiar,
mais cedo ou mais tarde
dele iremos acordar.
A esperança da Primavera
Izilda Fátima Pestana Silva (aluna da Universidade Sénior da Ribeira Brava)
O tempo não parou,
Mas a vida do homem mudou
Porque em todo o mundo
O Covid-19 o dominou.
Ficamos como no inverno
Nas tocas a hibernar,
Ansiando e pensando
Como tudo vai acabar.
Quarentena e quaresma
São mais 15 dias a esperar,
A exemplo de Jesus Cristo
Vamos todos ressuscitar.
O Governo e a Saúde
Trabalham sem descansar
Para atender a todos
E a contaminação travar.
Para que isso aconteça
Temos de colaborar
É vivermos isolados
E a máscara usar.
Primavera alheia a tudo
Com ternura vem nos chamar
Acorda, olha, ouve, cheira...
Já cheguei para te alegrar.
Cá está a beleza da primavera.