Médico da OMS que combate doença no Iémen alerta para agressividade do vírus
O epidemiologista moçambicano Jeremias Domingos, que combate a covid-19 no Iémen a convite da OMS, alerta para a agressividade deste coronavírus e considera que “o mundo está a responder de acordo com os recursos disponíveis”.
“Ninguém esperava que o vírus pudesse ser tão agressivo como está a ser. É muito fácil criticar neste momento o que não foi feito, mas penso o mundo está a responder que acordo com os recursos disponíveis e o nível de preparação de cada país”, disse em entrevista à agência Lusa, a partir do Iémen.
Habituado a trabalhar em cenários como a Libéria, no combate ao Ébola, ou em Angola, contra a poliomielite, entre outros, Jeremias Domingos acredita que “a pandemia não vai desaparecer sem vacinas”, mas recorda que “os países com tecnologia para tal estão a trabalhar arduamente”.
Sobre o novo coronavírus, o epidemiologista de 39 anos disse que, “embora com uma taxa de letalidade baixa, comparada com o Ébola, tem a capacidade de se alastrar muito mais rápido, uma vez que pode ser transmitido, mesmo por pessoas assintomáticas”.
“Isso faz com o número absoluto de óbitos seja superior a outros surtos, especialmente em pessoas vulneráveis como idosos, imunodeprimidos, pessoas com doenças crónicas, e até algumas pessoas sem nenhum desses fatores de risco”, disse.
E sintetizou: “É uma doença bastante perigosa, que está a matar mais do qualquer outra doença neste momento”.
O médico sublinha que esta doença “tornou-se em pandemia muito rápido, em questão de poucos meses, e continua com características desconhecidas”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 339 mil mortos e infetou mais de 5,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de dois milhões de doentes foram considerados curados.