ONU alerta para crise na Venezuela e denuncia redução de espaços democráticos
As sanções dos Estados Unidos à Venezuela estão a agravar a complexa situação do país, que está em crise e onde se reduzem os espaços democráticos, disse hoje a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
“A situação económica na Venezuela é drástica, complexa, e não é nova, agravou-se com as sanções (impostas pelos Estados Unidos) e agora com a pandemia (da covid-19), por isso apelamos ao levantar das sanções para que os países possam dar uma resposta à crise”, disse.
Michelle Bachelet falava digitalmente na 5.ª Conferência Anual de Segurança Hemisférica, organizada pela Universidade Internacional de Flórida, EUA.
“É uma nação que estamos a observar. Foi um caso em que decidimos trabalhar com as instituições de Direitos Humanos e com as vítimas, detidas. Na Venezuela, os espaços democráticos são cada vez mais reduzidos”, disse.
Segundo Michelle Bachelet “na Venezuela há uma crise humanitária e uma crise migratória importante”.
“Muitos regressaram devido à crise gerada pelo novo coronavírus, mas a Venezuela é um país que está sob escrutínio pelos Direitos Humanos. Temos tido o mandado de monitorizar os casos. No ano passado permitiram-nos visitar as prisões, trabalhar com os familiares das vítimas, mas tem havido problemas que nos preocupam”, disse.
Quatro milhões de venezuelanos abandonaram a Venezuela, nos últimos anos, fugindo da crise política, económica e social que afeta o país.
Nos últimos dois meses alguns milhares regressaram à Venezuela, porque se encontravam em situações difíceis também nos países de acolhimento.
A Venezuela tem 824 casos confirmados de covid-19, 10 mortes associadas à doença e, pelo menos, 262 pessoas recuperadas.
O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.
O estado de alerta foi decretado por 30 dias e prolongado por igual período.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários Estados do país.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou quase 330 mil mortos e infetou mais de cinco milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,8 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.