Os pais, as escolas e as crianças em tempo de desconfinamento!
Ao fim de dois meses, sinto-me exausta e confusa com este novo ensino à distância. Observo com grande preocupação os meus filhos obrigados a passar mais de oito horas em frente a um visor, ora televisão ora computador, aulas seguidas por videochamada e depois ainda fazer trabalhos de casa. Eu sei que os professores estão a fazer o seu melhor mas há exageros, é tempo de abrandar e pensar mais no bem-estar das crianças. Nas últimas semanas quase não sobra tempo, parece que os meus filhos vivem para a escola e eu vivo apenas para dar apoio nos estudos e fazer a rotina de casa. Basta já deste ensino à distância! Segundo os estudos científicos as crianças vão sair prejudicadas de estar tantas horas nas tecnologias mas não vejo ninguém do Estado a questionar esta situação, nada vejo fazer às ditas entidades que tinham a obrigação de defender as nossas crianças, que são o futuro da Madeira. Já se fala que vão abrir as creches e os infantários, para os pais irem trabalhar. Quem tem filhos no 1º ciclo, com as escolas fechadas, vai continuar com o mesmo problema. Abre-se a escola para os mais pequeninos, e não se abre então para as outras crianças porquê!? Faria mais sentido abrir as escolas para as crianças do ensino obrigatório, penso eu. Em Lisboa houve a preocupação de abrir escolas para apoiar as famílias trabalhadoras e aqui vão fazer o mesmo? Neste momento não existem outros recursos, como os ATLs e agora pergunto, vamos deixar os nossos filhos sozinhos em casa!? Se vão abrir as creches e infantários, seria correto também abrir as escolas de 1º ciclo e 2º ciclo para pelo menos apoiar as crianças das famílias que não têm familiares onde deixar os filhos. Se acham que é seguro abrir creches e infantários, que o façam com responsabilidade criando condições de funcionamento especiais, não deixando fazer desses lugares depósitos de crianças, evitando ao máximo contágios em grande número. Espero realmente que as crianças estejam acima dos interesses políticos e económicos pois está em risco a vida da criança e da sua família. O nosso governo regional que se lembre das outras crianças cujos pais precisam trabalhar mas com as escolas todas fechadas e sem outros apoios se sentem perdidos nesta nova realidade.
Gorete Freitas