Bruxelas preocupada com restrições ao jornalismo durante pandemia
A União Europeia (UE) expressou hoje preocupação com as restrições à liberdade de imprensa impostas em alguns países durante a pandemia da covid-19 e destacou a importância do trabalho dos meios de comunicação social.
“É preocupante que a pandemia da covid-19 esteja a ser usada em alguns países como pretexto para impor restrições indevidas à liberdade de imprensa”, disse, em comunicado, Josep Borrell, Alto-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, na véspera do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, assinalado no domingo.
Borrell enfatizou que “em muitos países” os jornalistas “precisam enfrentar legislação restritiva, às vezes atribuída à emergência covid-19, que restringe a liberdade de expressão e de imprensa”.
O responsável destacou que estão a ocorrer bloqueios da internet e o encerramento de ‘sites’ e criticou também as campanhas de difamação, pressões financeiras e ataques dos Governos ou de meios de comunicação partidários que “frequentemente” forçam os jornalistas à autocensura.
“Muitos sofrem assédio, detenções arbitrárias e prisão. Muitos perderam a vida por fazer o seu trabalho”, destacou Borrell, insistindo que a crise do novo coronavírus destacou “a importância” do trabalho da imprensa.
“Em tempos de incerteza, mais do que nunca, o acesso a informações confiáveis ?e comprovadas, livres de interferências e de influências, é crucial e contribui para uma sociedade mais resistente”, disse o político espanhol.
Borrell observou ainda que os jornalistas devem poder trabalhar livremente e ajudar a detetar e a lidar com a desinformação.
“Hoje, talvez mais do que nunca, a liberdade de imprensa é uma pedra angular das sociedades democráticas, que só podem prosperar se os cidadãos tiverem acesso a informações confiáveis ?e tomarem decisões informadas”, afirmou.
No entanto, a própria UE também se dedica a combater a desinformação sobre o coronavírus, promovendo fontes confiáveis, banindo informações falsas ou enganosas e removendo conteúdos ilegais, enfatizou.
“Essas ações só terão êxito se forem baseadas no trabalho consciente de jornalistas comprometidos e corajosos, cujos esforços diários tornam as sociedades mais seguras, mais justas e mais democráticas”, disse o ex-ministro espanhol, que destacou que a liberdade de imprensa não é apenas um direito dos profissionais da informação, mas “de todos e de cada um de nós”.