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Bruxelas pediu a Governos asiáticos que resgatem rohingya à deriva em alto mar

A União Europeia (UE) pediu a vários Governos asiáticos que resgatem centenas de rohingya que estão à deriva no Golfo de Bengala e são rejeitados por diversos países por temerem que possam ter covid-19.

“A União Europeia insta os Governos da região a realizar uma operação de busca e salvamento e a encontrar uma solução para o seu desembarque seguro”, declararam, num comunicado conjunto, o alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, e o Comissário Europeu para Gestão de Crises, Janez Lenarcic.

Ambos destacaram que o Bangladesh permitiu que 400 pessoas da minoria muçulmana rohingya, oprimida na Birmânia, desembarcassem, após terem sido encontrados num barco à deriva em 16 de abril, e enfatizaram que aquele país “mostrou contínua generosidade e humanidade”.

“Esperamos que [outros] países da região sigam esse exemplo”, disseram os políticos.

A Marinha da Malásia intercetou em 16 de abril um barco com cerca de 200 rohingya próximo da sua costa e, alegando que os “imigrantes indocumentados” poderiam “ter covid-19”, empurraram a embarcação de volta para o alto mar, onde continua encalhada com outros navios, que são também rejeitados por outros países da região.

No mesmo dia, outro navio anteriormente rejeitado pelas autoridades da Malásia chegou ao Bangladesh com 396 rohingya gravemente desnutridos após dois meses no mar, período durante o qual pelo menos 28 pessoas morreram devido à falta de comida e água, segundo a Guarda Costeira de Bangladesh.

No entanto, as autoridades do Bangladesh indicaram que, devido à covid-19, não irão aceitar a entrada de mais navios com pessoas da minoria muçulmana.

“Várias centenas de rohingya, incluindo mulheres e crianças, estão à deriva há semanas no mar em condições terríveis, sendo empurradas para as margens do Golfo de Bengala e do mar de Andamão”, disseram Borrell e Lenarcic.

Os rohingya são perseguidos na Birmânia, um país de maioria budista. Mais de 700.000 refugiados minoritários muçulmanos vivem no Bangladesh desde a limpeza étnica que sofreram entre 2016 e 2017 às mãos do exército birmanês, que está a ser julgado por alegado genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (Haia).

Assim, os dois responsáveis exortaram as forças armadas birmanesas a “urgentemente” a implementarem um cessar-fogo “sem condições” e a comprometerem-se com um processo de paz inclusivo.

“Isso ajudaria a resolver as causas da terrível situação dos rohingya”, disseram, acrescentando que a UE continua a defender o retorno “seguro, sustentável, digno e voluntário” dos refugiados minoritários muçulmanos aos seus locais de origem, assim como que seja garantida a “total responsabilidade” pelos crimes cometidos contra eles.

Também a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional enviou uma carta aberta a diversos governos asiáticos e ao australiano para que ajudem barcos com rohingyas, à deriva no golfo de Bengala, recusados por diversos países por medo de que sejam portadores de covid-19.

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