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Itália retoma na segunda-feira actividade económica entre apelos e protestos

Foto Shutterstock
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Itália cumpre o último fim de semana de confinamento devido à pandemia do novo corononavírus, reabrindo de forma gradual na segunda-feira, entre apelos à prudência e os protestos de setores descontentes.

“Na segunda-feira inicia-se o desafio mais difícil. Começa a segunda parte de um jogo que não sabemos quanto irá durar nem como terminará. Não devemos esquecer os sacrifícios feitos na primeira parte e devemos entender que o resultado final depende do nosso comportamento”, afirmou hoje o Comissário Extraordinário para a Emergência de Itália, Domenico Arcuri.

Com este paralelismo com o desporto, Arcuri, que falava numa conferencia de imprensa na sede da Proteção Civil italiana, reconheceu o perigo que continua presente na forma do vírus e voltou a apelar à prudência de todos os italianos a fim de que “mantenham um equilíbrio razoável entre a liberdade relativa e a saúde”.

Desde que foi detetado o primeiro infetado, no norte de Itália, foram contabilizados 207 mil casos, mas nas últimas semanas a evolução favorável da curva dos contágios bem como a redução da pressão sobre os hospitais, com menos internados, levou o Governo de Giuseppe Conte a decretar o início do desconfinamento e a reativação parcial da economia a partir de segunda-feira.

Assim, a partir de 04 de maio poderão recomeçar a atividade a indústria, o setor da construção e as grandes superfícies comerciais, abrindo desta forma a circulação a 4,5 milhões de pessoas até então confinadas.

Estes irão juntar-se aos empregados dos serviços essenciais, que nunca fecharam, como o da alimentação, farmácias e gasolineiras, além das livrarias e papelarias, abertas desde meados de abril.

Irão também reabrir os parques e serão permitidas até 15 pessoas em funerais, bem como está autorizada a visita a familiares que vivam perto, mas continuam proibidas as reuniões sociais.

A partir de 18 de maio poderão reabrir as bibliotecas, museus e lojas de pequeno comércio, sendo a partir de 01 de junho a vez dos bares, restaurantes, salões de cabeleireiro e centros de estética abrirem ao público.

Sem data para abrir continuam as salas de cinema e de teatro, enquanto os colégios só reabrem em setembro.

O uso de máscaras é obrigatório nesta segunda fase do combate à pandemia, depois de a primeira fase ter ficado marcada pela escassez deste material de proteção, com Arcuri a anunciar hoje a distribuição pelas regiões de 160 milhões de unidades.

“A partir de segunda-feira quem quiser comprar as máscaras irá encontrá-las em 50 mil postos de venda ao preço de 50 cêntimos”, assegurou Arcuri, que admitiu duplicar a oferta de pontos de venda durante o mês em curso.

Depois dos problemas de escassez, resolvidos em parte com compras no estrangeiro e com ofertas, a Itália aposta agora na produção nacional, com Arcuri a anunciar que o país tem um ‘stock’ de 47 milhões de máscaras, e que em maio serão distribuídas 12 milhões por dia, em junho subirá para os 18 milhões, em julho para os 25 milhões e em agosto para os 35 milhões.

Foi também anunciada a chegada, na segunda-feira, de testes serológicos a muitos dos laboratórios selecionados pelo Ministério da Saúde para dar início ao estudo da amostra da presença de anticorpos nos primeiros 150 mil italianos.

Alguns dos aeroportos encerrados há dois meses devido à drástica redução do tráfego aéreo vão reabrir na segunda-feira.

Segundo um comunicado do Ministério dos Transportes italiano, o aeroporto de Ciampino, o segundo maior de Roma depois de Fiumicino, e o de Peretola, segundo da Toscana depois do de Pisa, reabrirão para voos comerciais a partir de 04 de maio.

O calendário da reabertura mereceu críticas, com as regiões do Sul, muito menos afetadas pela pandemia, a contestar o facto de não poderem acelerar o regresso à normalidade.

De facto, a partir de 04 de maio, o recomeço das atividades de produção centra-se nas áreas mais atingidas, no norte industrial italiano.

Serão 2,8 milhões de trabalhadores do Norte (Lombardia, Emilia-Romaña, Piamonte, Véneto e Las Marcas) a regressar ao trabalho, contra 812 mil do centro e 822 mil do sul.

Registaram-se também protestos de setores como os cabeleireiros e restauração por terem de esperar até 01 de junho para reabrir os seus negócios.

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