O Papel da Mulher na Família, na Sociedade e na Igreja
As mulheres ao longo da história têm tido um papel às vezes pouco valorizado, enquanto sementes de esperança, de coragem e de amor, com todo o seu importante papel, na Família, na Sociedade e na Igreja, com um protagonismo em tudo o que concerne a ação social, a saúde, a família, a promoção do bem-estar. Contudo, algumas vezes, a sua importância tem sido desvalorizada. Recordo, no entanto, que Deus tem sempre dado um papel primordial à mulher. Foi através do sim de Nossa Senhora que a salvação, a paz e a esperança vieram ao mundo através do nascimento de Jesus. Com a sua reconhecida ternura e “génio” feminino abraçam diferentes causas. São mães. E qual é a mãe que não quer o melhor para o seu filho? Quantas vezes sofrem em silêncio, guardando a sua dor no coração quando veem os seus entes queridos a passar por alguma vicissitude ou mesmo seguir por caminhos tergiversados? Mesmo em tempo de morte são anunciadoras da vida. São as mulheres que maioritariamente se encontram ao lado de Jesus, na hora mais sombria, aquando da Sua Paixão e Morte na Cruz. E são as mulheres, sementes de esperança que correm ao sepulcro onde se encontrava Jesus para o embalsamarem e que depois correm a dar a boa nova, que Jesus ressuscitou. As mulheres, na verdade, seguem adiante, abrem caminhos, têm gestos de amor sincero, de grande generosidade, que vai para além do cálculo da sua utilidade; são intuitivas, acreditam, ainda que as considerem fantasiosas e duvidem das suas palavras.
Veio-me à memória o episódio, narrado nos evangelhos, da mulher que trouxe um frasco de alabastro, com perfume do mais alto preço. Partindo-o derramou-o sobre os pés de Jesus, facto este que foi contestado por um dos discípulos, que achavam que devia ser canalizado para os pobres, tendo Jesus retorquido; “Deixai-a. Porque estais a atormentá-la? Praticou em mim uma boa ação. Sempre tereis pobres entre vós e podereis fazer-lhes bem quando quiserdes; mas a mim, nem sempre me tereis. Ela fez o que estava ao seu alcance: ungiu antecipadamente o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo, em qualquer parte do mundo onde for proclamado o Evangelho, há-de contar-se também em sua memória o que ela fez”. O Papa Francisco comentou, numa breve reflexão, que as mulheres foram as primeiras anunciadoras da Ressureição,: “Elas deram um exemplo admirável de lealdade, de dedicação e amor a Cristo no tempo da Sua vida pública, bem como durante a Sua paixão; agora são recompensadas por Ele com este gesto de atenção e de predileção”.
Reportando-me ao contexto atual que se vivencia a nível mundial em que existe toda uma profusão de mutações com as quais a sociedade e as famílias se confrontam, vislumbra-se um acréscimo de profundas transformações sociais associadas a uma enorme insegurança e incerteza que fragilizam não só os elos sociais bem como as estruturas familiares, sendo que o lar familiar constitui uma escola de vida, onde as tensões são geridas a um nível privilegiado. O que quer que o futuro nos reserve, importa dar ênfase ao papel da mulher no mundo e na família, bem como a sua participação ativa contribuindo para a humanização da sociedade e a promoção do seu bem-estar. A envolvência da mulher em todos os âmbitos da sociedade e do trabalho, torna possível contemplar com outro olhar e um maior cuidado não só os problemas sociais e familiares existentes, bem como os que se anteveem face à pandemia Covid-19 à sua projeção no futuro, aos seus reflexos/consequências, que forçosamente irão alterar a vida das famílias e da sociedade a diferentes níveis, dando um contributo positivo na sociedade e na política, com a sua entrega pessoal e uma preocupação constante com o próximo. Por esse facto manifesto desde já a minha preocupação e o meu apelo no sentido de que este se venha a tornar uma realidade em prol de um bem maior que a todos concerne, ou seja, que se continue cada vez mais a dar-se destaque ao Papel da Mulher na Igreja, na Família e na Sociedade, em complementaridade com o Papel do Homem, neste mundo em que o Covid-19 continua a alastrar e em que o contributo de todos se torna necessário.
Concluo com as palavras do Papa Francisco; “Se Cristo ressuscitou, é possível olhar com confiança para todo o evento da nossa existência, inclusive os mais difíceis e repletos de angústia e de incerteza... a última palavra não cabe à morte mas sim à vida”. “As mulheres sempre no início: Maria, no início, as mulheres no início”.
Maria Helena Paes