Guitarrista Pedro Jóia grava novo álbum com música de José Afonso
O novo álbum do guitarrista Pedro Jóia, a sair no próximo dia 29, é dedicado a José Afonso (1929-1987), que o músico aponta como “uma referência”.
“Zeca” trata-se de um projeto no qual o músico “pensava há muito”, como afirmou em entrevista à Lusa.
“O Zeca foi sempre uma referência para mim”, disse o músico, que contava “cerca de 16 anos” quando José Afonso morreu.
A decisão em gravar o álbum foi incentivada pelo músico Fausto, que tocou com José Afonso e que lhe terá afirmado que “José Afonso iria gostar muito”, contou Jóia.
Sobre o disco, Fausto, na contracapa, afirma-se “deslumbrado”, referindo que José Afonso certamente iria “gostar de gravar um álbum acompanhado por Pedro Jóia”.
Pedro Jóia disse à Lusa que o “principal desafio foi manter a verdade da música do Zeca, mantendo a sua simplicidade, sem artifícios e não a ornamentar demasiado, guitarristicamente”.
A viúva de José Afonso, Zélia, “foi acompanhando o trabalho e uma das primeiras pessoas a ouvir o resultado”.
“Incentivou-me e apoiou-me muito, o que para mim foi importante”, disse Pedro Jóia.
O álbum, editado pela Sony Music, conta dez temas “emblemáticos” da carreira de José Afonso, disse Pedro Jóia, que realçou a faceta de “cidadão empenhado” do autor de “Índios da Meia Praia”.
“Desde o tempo das baladas de Coimbra às últimas gravações do Zeca, com produção do José Mário Branco, O CD tem um certo percurso histórico”, afirmou.
“A Formiga no Carreiro”, “A Morte Saiu à Rua”, “Venham Mais Cinco” ou “Balada de Outono” são alguns dos temas escolhidos por Pedro Jóia, que reconheceu “haver algo de novo nos temas gravados, respeitando a sua estrutura e sem lhes ter alterado nada”.
“A música de Zeca Afonso exige que seja tratada com pinças”, declarou, referindo a importância do músico para a sua geração.
Pedro Jóia, na guitarra clássica, gravou os temas apenas acompanhado por José Salgueiro, na percussão.
O trabalho levou Jóia a conversar com algumas pessoas que conviveram com José Afonso, além da sua mulher e de Fausto, “a ponto de quase achar que o [conheceu]”, disse.
Pedro Jóia, que completa no próximo dia 30 50 anos, começou a tocar guitarra aos 7 anos com Paulo Valente Pereira, na Academia dos Amadores de Música, em Lisboa, estudando posteriormente com Manuel Morais, e, mais tarde, guitarra flamenca com Paco Peña, Gerardo Nuñez e Manolo Sanlúcar.
Entre 1997 e 2003 lecionou na Universidade de Évora, tendo seguido para o Brasil, onde trabalhou, entre outros, com Ney Matogrosso e Gilberto Gil.
Recentemente, além do Quarteto Arabesco com quem colabora e do seu próprio trio, formado com Norton Daiello e João Frade, tem tocado com Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro e Mariza, entre outros.
“Zeca” é o seu sétimo disco. Em 2008, o álbum “À Espera de Armandinho” valeu-lhe o Prémio Carlos Paredes do município de Vila Franca de Xira.