Madeira preparada para reabrir mas mercados emissores não
A Madeira está preparada para reabrir as portas ao turismo, a sua principal atividade económica, mas os mercados emissores tradicionais “ainda não estão prontos” devido à pandemia da covid-19, declarou o secretário madeirense do setor.
“A Madeira está pronta para arrancar já, mas os nossos mercados não estão prontos para arrancar já”, afirmou Eduardo Jesus em entrevista à agência Lusa, dando como exemplos a Inglaterra, a Espanha, a Alemanha , Itália ou mesmo Portugal continental, onde persiste a “contaminação ativa” e acontecem mortes todos os dias
O governante insular apontou que os mercados emissores considerados de “maior interesse ainda não estão no estado em que se encontra a região e por isso a Madeira está aqui num compasso de espera”.
Por isso, complementou que a Madeira está “preparada para abrir, tem a situação neste momento controlada e gostaria muito de dar um passo em frente, mas depende do estado de evolução dos mercados de origem”, os quais ainda “não permitem a mobilidade” e alguns estão em situação de quarentena declarada.
Também realçou que os responsáveis desses países estão a incentivar as pessoas a fazer férias no seu interior e “toda a gente quer o mercado interno para ajudar a resolver a crise.
“Estamos fortemente empenhados para trabalhar com o mercado nacional”, vincou, enfatizando que já era uma aposta antes da pandemia e evidenciava um grande crescimento, tendo a Madeira sido considera “a região preferida de Portugal pela Associação Portuguesa dos Agentes de Viagem e Turismo (APAVT) para 2020”.
Eduardo Jesus acrescentou que este trabalho de captação do mercado nacional para a Madeira vai continuar, mencionando que “é familiar, do mesmo pais, gosta da Madeira, tem vindo a registar desempenhos diferentes, não só para férias pequenas, como maiores, como férias ligadas a eventos e fora do período de eventos, sendo um mercado que responde bem”.
“Por isso, estamos a trabalhar fortemente a ver se este verão conseguimos captar essa preferência e trazer muitos portugueses de Portugal continental e até dos Açores à Madeira”, frisou.
Ainda referiu que “a operação de verão do Porto Santo é muito baseada no mercado nacional, quer do Norte, quer a partir de Lisboa”, referindo que “a evolução da situação epidemiológica portuguesa continental ditará sob que medidas essas operações se farão”, uma situação que a Madeira está acompanhar.
O responsável salientou que o setor mais uma vez tem de saber “reinventar-se” nas suas práticas, considerando que “junho é o mês da clarificação relativamente ao que se está a passar” e “para implementação, com a perspetiva de abrir em julho”.
“Mas são desafios que se colocam e temos que saber lidar com eles, reinventado, encontrando soluções, saídas e fazendo que o turismo não perca o seu glamour”, sublinhou.
Entre as medidas que têm de ser alteradas, com base nas três premissas do manual das boas práticas, estão o distanciamento social, uso de equipamento de proteção e segurança sanitária, tendo o governante mencionado que foi envolvido o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, para orientar as caminhadas nos percursos pedestres e visitas aos miradouros.
Quanto ao conjunto de procedimentos nos hotéis, referiu as alterações e adaptações relacionadas com os serviços ‘buffets’, podendo ser utilizado o serviço de refeições nos quartos, as limpezas dos corrimões das escadas, o uso de elevadores, utilização de piscinas, devendo alguns serviços, nomeadamente os spa e saunas ficar encerrados.
Estas medidas preventivas também se aplicam às atividades de animação, como os passeios de catamarã, para visualização de cetáceos.
“É preciso paciência e este tempo” é utilizado para otimizar as medidas e os pensamentos sobre “relançamento da atividade turística e envolver todo o setor”, concluiu Eduardo Jesus.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 300 mil mortos e infetou mais de 4,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,6 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.218 pessoas das 29.036 confirmadas como infetadas, e há 4.636 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A Madeira continuava no domingo sem novos casos de covid-19, mantendo há 11 dias as mesmas 90 situações reportadas, 59 das quais estão dadas como recuperadas e 31 ativas, e nenhum óbito, segundo a autoridade de saúde da região.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.