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Museus reabriram equipados contra vírus e regresso modesto de visitantes

Foto Lusa
Foto Lusa

Museus em Lisboa reabriram hoje com entrada gratuita e a cumprir novas regras sanitárias, devido à pandemia covid-19, mas com “afluência modesta”, num regresso de 10 a 20 visitantes durante a manhã, segundo os diretores contactados pela agência Lusa.

Esta afluência “tímida” do público na reabertura para museus, monumentos e palácios, que acontece no Dia Internacional dos Museus, tradicionalmente a 18 de maio, explica-se não só com os receios de contágio, mas também pelo facto de estes espaços estarem habitualmente encerrados à segunda-feira.

“Recebemos muitos telefonemas de pessoas a perguntar se estávamos abertos hoje”, disse a diretora do Museu Nacional dos Coches, Silvana Bessone, contactada pela Lusa.

Este museu nacional, localizado em Belém, numa zona habitualmente de grande movimento turístico, recebeu apenas uma dezena de visitantes durante a manhã.

“Seis adultos e três crianças, todos portugueses”, contabilizou.

Um número que contrasta com as centenas que tradicionalmente, neste dia, entram no novo museu, cujo acervo é composto pela mais importante coleção, a nível mundial, de coches e carruagens reais do século XVI ao século XIX.

As entradas correram bem, disse a responsável, todos os visitantes tinham máscara, e apenas uma não quis colocar gel nas mãos, como exigem as novas normas de segurança: “Essa visitante não quis tocar na embalagem do gel desinfetante, mas, a partir de agora, terei uma funcionária com luvas a dispensá-lo nas mãos dos visitantes”, disse a diretora.

“Estamos ‘às moscas’, como se costuma dizer, e ainda em fase de adaptação, o que é compreensível”, comentou.

Na opinião de Silvana Bessone, o Dia Internacional dos Museus calhar a uma segunda-feira não ajuda: “Recebemos imensos telefonemas de pessoas a perguntar se estamos mesmo abertos porque este é o dia do encerramento semanal. Isto gerou alguma confusão”, justificou.

Os visitantes são poucos também porque o museu, tal como outros nacionais por todo o país, recebe muitos seniores que entram em grupos organizados, a par das visitas escolares, também em grupo, que agora são limitados pelas novas regras.

A mesma situação verificou-se no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, no centro histórico de Lisboa, com muitos telefonemas a perguntar se estavam abertos, e cerca de uma dezena de pessoas a entrar nas instalações ao longo da manhã, um número que não deverá ser muito maior durante a tarde, estima a diretora, Emília Ferreira.

“Duas jovens e alguns adultos, um casal de seniores”, contou a responsável do museu que acolhe a mais importante coleção de arte contemporânea portuguesa, desde 1850 até à atualidade, incluindo pintura, escultura, fotografia, desenho e vídeo.

“Não é mau. Estávamos com medo que não viesse ninguém, embora estejamos a funcionar em pleno”, confessou a diretora, acrescentando que “a normalidade irá regressar muito devagar”.

Sobre o equipamento necessário para a reabertura, Emília Ferreira, tal como Silvana Bessone, disseram ter tudo pronto: máscaras e viseiras para os funcionários, limpeza constante das instalações sanitárias, divisórias em acrílico, e faixas com percursos no chão.

Outros dois nacionais - o Museu do Teatro e da Dança e o Museu do Traje - na zona do Lumiar, com menos movimento habitualmente, receberam também cerca de 30 visitantes durante a manhã, incluindo no parque que os ladeia.

O investigador José Carlos Alvarez, diretor de ambos os espaços museológicos, disse à Lusa que a reabertura “correu bem”.

“Não é a afluência de público dos outros anos, mas melhor do que eu esperava”, admitiu, acrescentando que o parque é o mais procurado pelos visitantes “naturalmente sedentos de passear ao ar livre e na natureza, depois de tanto tempo fechados em casa”.

O responsável prevê que ao longo do dia “haverá algum movimento, mas não irão surgir números astronómicos” habituais desta data no Museu Nacional do Traje, que apresenta peças portuguesas e estrangeiras desde o século XVIII à atualidade.

“Para cumprir as novas regras de distanciamento social só poderão estar entre quatro a seis pessoas, no máximo, dentro dos museus com salas pequenas e, no parque, umas 20, embora seja ao ar livre”, descreveu, sobre as regras vigentes no país, nesta segunda fase de contenção da pandemia.

Quanto ao Museu Nacional do Teatro e da Dança, possui uma coleção com cerca de 250 mil peças, entre elas algumas desenhadas por artistas portugueses como Almada Negreiros ou Paula Rego, joias de cena usadas por Amália Rodrigues, e cenários originais criados por José de Guimarães, Carlos Botelho ou Mário Cesariny.

Fonte da comunicação do Museu Coleção Berardo, também em Belém, disse que entraram 20 pessoas durante a manhã, algumas famílias com crianças e alguns estrangeiros para ver a coleção permanente e as exposições temporárias que, devido ao surto de covid-19, não abriram ao público ou tiveram de ser prolongadas, nomeadamente “Obras Inéditas”, de Julian Opie, “Mutações. The Last Poet”, de Joana Escoval, e “Deeper Shades. Lisboa e Outras Cidades”, de Andreas H. Bitesnich.

Desde 1977 que o ICOM organiza o Dia Internacional dos Museus, com o objetivo de promover o intercâmbio e enriquecimento cultural, o desenvolvimento da compreensão mútua, da promoção da cooperação e da paz entre os povos.

Esta efeméride acontece anualmente a 18 de maio, ou em datas próximas, e traduz-se na organização de iniciativas e atividades comemorativas, unidas internacionalmente pelo tema comum definido previamente pelo ICOM.

Este ano, a data celebra-se em espaços museológicos que vão obedecer a regras sanitárias definidas pelas autoridades de saúde, e por outras recomendações para o setor, e que passam pelo uso obrigatório de máscara, o distanciamento social e a higienização frequente de mãos e dos espaços.

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