Países europeus preparam regras concertadas para retoma do turismo
Os ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países reuniram-se hoje para discutir uma abordagem coordenada para o restabelecimento do turismo e da circulação de pessoas na União Europeia.
Por iniciativa da Alemanha, um grupo de chefes de diplomacia de 11 países europeus, incluindo Portugal, reuniu-se por videoconferência para encontrar soluções concertadas para a fase de relaxamento de medidas de confinamento por causa da pandemia de covid-19, permitindo liberdade de circulação dentro da União Europeia.
“Este é o momento de percebermos o que cada um está a fazer, nesta fase de desconfinamento, e de prepararmos medidas para que a livre circulação seja restabelecida, no momento em que se prepara a retoma de diversos setores económicos, nomeadamente o turismo”, explicou à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que participou no encontro.
Santos Silva realçou o objetivo político central da reunião, que passou por encontrar formas de garantia de segurança para que os turistas se sintam seguros quando visitam um país e para que os cidadãos dos países que acolhem esses turistas se sintam seguros com essas visitas.
Numa declaração conjunta final, os 11 países (Alemanha, Áustria, Bulgária, Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Itália, Malta, Portugal e Eslovénia) saudaram as orientações que a Comissão Europeia divulgou, em 13 de maio, sobre medidas na área do Turismo e do Transporte, referindo “a abordagem faseada e coordenada para restaurar a liberdade de movimento”.
“Só poderá haver uma verdadeira retoma do turismo se as pessoas sentirem confiança”, disse o chefe da diplomacia portuguesa, referindo-se à necessidade de todas estas medidas de levantamento de restrições terem de ser aplicadas com equilíbrio, de forma mútua e gradualmente.
A reunião foi marcada pela Alemanha, que tem estado em negociações bilaterais com a França e com o Reino Unido, mas que pretende igualmente garantir uma boa coordenação com países europeus que são destinos turísticos privilegiados para os alemães.
“O objetivo foi totalmente cumprido”, concluiu Santos Silva, dizendo que ficou já acertada uma segunda ronda destas negociações, no início de junho, quando todos os países tiverem melhor perceção sobre a evolução do combate à pandemia.
No comunicado conjunto, os 11 países dizem ser “fundamental garantir que os nossos cidadãos podem não só viajar livremente dentro da Europa, como regressar a casa em segurança”.
“Acreditamos que restaurar a liberdade de movimentos transfronteiriços pode ser levado a cabo de forma progressiva, se as tendências positivas que se têm verificado continuarem a indicar a existência de situações epidemiológicas comparáveis em países de origem e países de destino”, disseram os responsáveis das diplomacias dos 11 países.
Santos Silva diz que, a par desta reunião, Portugal, está em contacto com outros países que são relevantes a nível turístico, como o Reino Unido e os países nórdicos, para estabelecer idênticos protocolos de ação para a retoma do turismo e da circulação de pessoas.
No comunicado conjunto, os países que hoje reuniram pedem à indústria do turismo para “aproveitar as próximas semanas para tomar as devidas medidas de prevenção para que possam proteger os viajantes, assim que a liberdade de movimento e de viagem seja reposta”, acreditando que o combate à crise sanitária está a ficar controlado.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 315.000 mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (quase 2,1 milhões contra 1,9 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (cerca de 125 mil contra mais de 166 mil).
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.