Investigador da Universidade de Évora lidera descoberta de nova espécie animal
A descoberta de uma nova espécie animal, de nemátode fitoparasita que “ataca as raízes das plantas”, consta de um estudo pioneiro liderado por um investigador da Universidade de Évora (UÉ), publicado este mês numa revista internacional.
O artigo sobre este estudo pioneiro, liderado pelo investigador espanhol Carlos Gutiérrez-Gutiérrez, do Laboratório de Nematologia - MED da UÉ, foi publicado na revista científica Zoosystematics and Evolution, disse hoje a academia.
Segundo a UÉ, o artigo “descreve a nova espécie de nemátodes, parasitas conhecidos por causar doenças em humanos, outros animais e plantas, apresentando ainda a sua caracterização molecular”.
O investigador da UÉ, que é o primeiro autor do artigo científico, que aborda a evolução zoológica a nível mundial, sublinhou que o estudo, “além de contribuir com mais uma nova espécie de nemátodes para a Ciência, contribui para o conhecimento” sobre “como esta nova espécie se relaciona com as restantes do grupo (Família Longidoridae)”, pode ler-se no comunicado da instituição alentejana.
A investigação permitiu ainda “conhecer espécies potencialmente transmissoras de vírus”, nomeadamente “da videira, mas não só”, e “como parasitas microscópicos que habitam o solo” são “responsáveis por danos consideráveis em numerosas culturas”.
Manuel Mota, que fez parte da equipa de investigadores do estudo agora publicado e que é responsável pelo Laboratório de Nematologia do MED - Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, adiantou hoje à agência Lusa que este novo nemátode fitoparasita foi designado como L. bordonensis sp. nov. (nova espécie).
“É um pequeno animal invertebrado, com cerca de um a nove milímetros de comprimento e que vive no solo e ataca as raízes das plantas”, resumiu, revelando que a nova espécie foi encontrada “numa amostra de solo” que Carlos Gutiérrez-Gutiérrez recolheu “à volta das raízes de uma erva, em Bordonhos, S. Pedro do Sul”, no distrito de Viseu.
O também professor do Departamento de Biologia da Escola de Ciências e Tecnologia da UÉ congratulou-se pela descoberta, ainda por cima porque “2020 foi declarado pelas Nações Unidas como o ano internacional da saúde das plantas”, e salientou a importância dos estudos e ensaios subsequentes.
Os nemátodes fitoparasitas “causam danos anuais nas culturas agrícolas e florestais, a nível mundial, na ordem dos 150 mil milhões de euros. Este grupo, da Família Longidoridae, evidentemente, contribui com uma pequena fatia, mas, mesmo assim, são ainda alguns milhões de euros de prejuízo”, assinalou.
“Alimentam-se das raízes de imensas plantas, como videiras, árvores de fruta, hortícolas, e algumas das espécies de nemátodes desta família, ao picarem as raízes, estão a transmitir vírus que destroem a planta e a tornam praticamente improdutiva”, relatou.
Agora, os investigadores vão “continuar a estudar esta nova espécie e quais os seus hospedeiros”, para procurarem saber “se faz parte desse grupo perigoso ou não”, vincou Manuel Mota.
O estudo liderado por Carlos Gutiérrez-Gutiérrez é pioneiro porque, segundo o responsável do laboratório, o investigador espanhol “há seis anos que percorre várias regiões de Portugal” e obtém “amostras de solo, para tentar identificar quais as espécies de nemátodes que se encontram e se são ou não perigosas”.
Além dos investigadores da UÉ, o estudo contou com investigadores do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e do Virginia Tech, em Blacksburg (Estados Unidos da América).