Discriminação de gays, lésbicas e transgénero ainda é elevada na Europa
As pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBTI) falam hoje mais abertamente sobre as suas identidades, mas o medo, a violência e a discriminação continuam altos na Europa, conclui uma pesquisa da Agência europeia de Direitos Fundamentais.
De acordo com o estudo ontem publicado, o maior que a agência europeia já realizou, 43% das pessoas LGBTI sentiram-se discriminadas nos 12 meses anteriores ao questionário, número que mostra um aumento de seis pontos em comparação com a última pesquisa, realizada em 2012.
Além disso, houve duas vezes mais pessoas transgénero e intersexuais a reportar ataques no último ano, sendo que metade afirma ter dificuldade em sustentar-se.
A Agência europeia de Direitos Fundamentais entrevistou, no ano passado, 140.000 pessoas LGBTI em 27 países da União Europeia (UE), além do Reino Unido, Sérvia e Macedónia do Norte.
Pela primeira vez, a análise inclui as respostas de pessoas intersexuais e de adolescentes com idades entre os 15 e os 17 anos.
O diretor da agência, Michael O’Flaherty, alerta que as dificuldades deste grupo no âmbito do emprego e da assistência à saúde “podem piorar devido ao novo coronavírus” e pede aos governos que estabeleçam uma cultura de tolerância zero à violência e assédio e treinem a polícia para melhorar o registo de crimes de ódio.
“Testemunhámos recentemente ataques às marchas do orgulho e a adoção de declarações de ‘áreas sem ideologia LGBTI’”, lamentou a comissária europeia para a Igualdade, Helena Dalli, numa declaração anexada ao relatório que não cita diretamente a Polónia, país onde as duas situações aconteceram.
Segundo as respostas europeias, seis em cada 10 entrevistados assumem que evitam segurar na mão do seu parceiro em público, uma média que inclui números muito diferentes consoante os países. No Luxemburgo, são quatro em cada 10 que evitam esse sinal de carinho, mas na Polónia o número sobe para oito em cada 10.
Numa nota positiva, o relatório refere que Malta e Irlanda são dois exemplos de países nos quais os entrevistados admitiram considerar que houve uma melhoria na tolerância em relação a pessoas LGBTI desde 2012.
Além disso o relatório refere que quase um em cada dois entrevistados com idades entre os 15 e os 17 anos de idade disse ter recebido apoio dentro das suas escolas, fosse de colegas ou do corpo docente.