Lula teme “genocídio” no Brasil por causa de Bolsonaro
O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva teme um “genocídio” no país devido à oposição do atual chefe de Estado ao confinamento, e defendeu a sua destituição numa entrevista hoje divulgada pela agência de notícias France-Presse.
Na entrevista realizada por vídeo-conferência, esta quinta-feira, Luiz Inácio Lula da Silva acusou Jair Bolsonaro de praticar “muitas faltas graves” na gestão da crise provocada pela pandemia de covid-19.
“O Governo transforma as pessoas que estão preocupadas com o vírus em inimigos”, lamentou. “Sou católico e rezo para que o povo brasileiro seja salvo de um genocídio provocado por Bolsonaro”, declarou Lula da Silva, defendendo a destituição do atual Presidente.
Para Lula, Bolsonaro “ameaça a democracia, as instituições, o povo brasileiro” e “nem sequer respeita as pessoas que morreram por causa do coronavírus”.
O antigo Presidente precisou, no entanto, que a iniciativa para destituir Bolsonaro “deveria ser tomada por uma entidade não política, e não por um partido, para evitar qualquer conotação ideológica”.
Na entrevista, o também fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) disse estar preocupado com o papel dos militares no Executivo de Bolsonaro, defendendo que têm “mais influência no Governo do que na época da ditadura [1964-1985], quando os generais eram presidentes”.
“Hoje, há mais militares que civis no palácio presidencial. Os militares estão nos comandos [...]. O nosso país não é uma caserna [...], deve ser governado da forma mais democrática possível”, defendeu.
O ex-Presidente Lula da Silva, que se encontra confinado desde 12 de março no seu domicílio, perto de São Paulo, disse à France-Presse que se sente “prisioneiro na própria casa”, depois de ter passado um ano e meio detido por corrupção, até novembro do ano passado.
O Brasil é um dos países mais afetados pelo novo coronavírus a nível mundial, com perto de 14.000 mortos e 203 mil infeções.
Apesar disso, Jair Bolsonaro continua a apelar diariamente ao desconfinamento, alegando que a preservação da economia e do emprego são prioritários para evitar “o caos social”.