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França acusa Caracas de dificultar funcionamento da representação diplomática

Foto AFP
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As tensões entre a Venezuela e a França aumentaram nas últimas semanas, com Paris a acusar Caracas de colocar obstáculos ao bom funcionamento da sua representação diplomática, contrariando a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.

Fontes diplomáticas explicaram à agência Lusa que Valle Arriba, Caracas, onde reside o embaixador de França na Venezuela, Romain Nadal, está desde 03 de maio sem eletricidade e que recentemente foi cortado o abastecimento de gás.

Trata-se de uma situação que afeta também as residências dos diplomatas que representam a Áustria, a África do Sul e inclusive a Embaixada dos Estados Unidos de América, encerrada há mais de um ano.

Por outro lado, as mesmas fontes explicaram que funcionários dos Serviços Bolivarianos de Inteligência (SEBIN, serviços de informação) e da Direção de Contrainteligência Militar (serviços de informação militares) colocaram pontos de controlo na rua, o que impede a compra de cisternas de água e, inclusivamente, de gasolina para os geradores elétricos.

Entretanto, na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da França (MEF) chamou o embaixador venezuelano em Paris, Michel Mujica, por este motivo.

“A França condena energicamente as medidas adotadas nos últimos dias, que prejudicam o funcionamento normal da nossa representação diplomática em Caracas. Tais medidas são contrárias à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, explica um comunicado do MEF, publicado em língua castelhana.

Segundo o documento, “esta é a posição que foi transmitida ao embaixador da República Bolivariana da Venezuela em França, durante uma chamada para o Ministério Para a Europa e Relações Exteriores”.

“As autoridades francesas esperam que essas medidas cessem imediatamente, para poder restaurar o funcionamento normal da nossa representação diplomática”, explica.

Segundo as fontes diplomáticas, as autoridades venezuelanas dizem tratar-se de um problema técnico.

“No entanto, a chancelaria de Espanha, onde estaria asilado o político opositor venezuelano Leopoldo López [do mesmo partido de Juan Guaidó], está desde novembro do ano passado sem eletricidade, por um problema técnico”, frisou uma das fontes.

Segundo a imprensa venezuelana, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem acusado o embaixador de França, Romain Nadal, de se intrometer nos assuntos internos do país.

As acusações surgiram pela primeira vez em fevereiro de 2019, depois de o líder opositor Juan Guaidó regressar ao país de um périplo pelo estrangeiro.

O político opositor foi recebido no aeroporto de Maiquetía (norte de Caracas), por vários embaixadores, entre eles o francês Romain Nadal, aparecendo ambos lado a lado em várias fotografias de imprensa.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país.

Guaidó conta com o apoio de quase 60 países, entre eles a França.

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