Os estragos causados pela pandemia de covid-19 na economia norte-americana podem durar algum tempo, alertou hoje o presidente da Reserva Federal (Fed), defendendo que são necessários programas de ajuda para evitar uma recessão profunda.

“Um apoio orçamental suplementar pode ter custos, mas vale a pena se permitir evitar danos económicos a longo prazo e permitir uma retoma mais forte”, declarou Jerome Powell, ao discursar num debate em que participou por videoconferência.

“O abrandamento atual é único, uma vez que se deve ao vírus e às medidas adotadas para o conter”, sublinhou.

Até agora, o Congresso aprovou um apoio orçamental de 2,9 biliões de dólares às famílias, às empresas, aos prestadores de cuidados de saúde e às autoridades estaduais norte-americanas, “o que representa cerca de 14% do Produto Interno Bruto (PIB)”, lembrou.

Powell defendeu, no entanto, que podem ser necessárias mais ajudas para contrariar o impacto da pandemia de covid-19, depois de considerar que “a recuperação pode demorar algum tempo, antes de acelerar”.

O presidente do banco central norte-americano sublinhou que a “dimensão e a rapidez desta recessão não têm precedentes” na história moderna, sendo “pior do que qualquer outra recessão depois da Segunda Guerra Mundial”.

Os ganhos em matéria de empregos acumulados na última década desapareceram, assinalou.

Em menos de dois meses, mais de 20 milhões de pessoas perderam os seus empregos nos Estados Unidos.

Powell afirmou que um estudo da Fed que será divulgado na quinta-feira indica que entre as pessoas que tinham emprego em fevereiro, antes das medidas de confinamento para travar a pandemia, “perto de 40% das famílias com rendimentos inferiores a 40 mil dólares por ano perderam os seus postos de trabalho em março”.

A vida destas pessoas mudou de repente e há muita incerteza quanto ao futuro, acrescentou.