Como conheci Winston Churchill na Ilha da Madeira
Quem foi Winston Churchill ? Nascido em 1879, faleceu em 1965. Estadista britânico político conservador no poder de 1940 a 1945, período que decorreu durante a Segunda Grande Guerra. Em meu entender foi o grande estratega desta guerra, ainda que o golpe fatal na Alemanha de Hitler tenha sido o desembarque na Normandia pelas tropas de Eisenhower. Finda a Guerra cansado e já sem compromissos oficiais, somente acompanhado pela sua mulher Clemantine decidiu ir visitar a nossa bela Ilha da Madeira pensando na possibilidade de descansar e pintar uma arte que desenvolveria até final da sua vida, Partiram de barco e passados quatro dias de viagem chegaram, ao Cais da baia ao cair da tarde do primeiro dia de Janeiro, onde foram assinalados com pompa e circunstância pelo apito dos barcos ali estacionados. Já em terra receberam as boas-vindas das autoridades da Ilha, entre as quais o Governador Civil, Brigadeiro Ruy da Cunha Menezes, o Governador Militar Brigadeiro Silva Braga, o governador substituto José Leite Monteiro amigo do meu pai, o Dr. João Figueira casado com uma prima nossa, o Dr. Óscar Baltazar Gonçalves pai de um dos meus maiores amigos. Após esta cerimónia seguiram em carro aberto para o paradisíaco Hotel Reid’s considerado na altura o melhor Hotel do Funchal e possivelmente então um dos melhores do Mundo pela sua residência e os belos jardins que possuía... Como já disse, a visita sendo de descanso e vilegiatura, permitia a Churchill uma ida diária a Câmara de Lobos, paisagem escolhida por ele para desenvolver a sua pintura sem deixar de conhecer outras, igualmente belas. As fotografias, que neste local o registaram a pintar, percorreram os espaços mediáticos do mundo, proporcionando um alto grau de propaganda da nossa Ilha.
Meu pai e meu avô, ambos jornalistas, diariamente ouviam as notícias na Rádio onde eu, ainda miúdo, os acompanhava ouvindo muitas vezes falar de W Churchill, que estava agora na minha terra natal, a Ilha da Madeira. Ele era conhecido como um homem gordo bonacheirão que fumava charuto mas, fora considerado um herói da Segunda Grande Guerra o que para a minha imaginação de adolescente constituía um facto importante. Aconteceu entretanto que, sendo meu pai jornalista, uma Agência Noticiosa convidou-o para ir entrevistar este Senhor, deixando-me muito honrado como filho. Mas, quando o meu pai me disse que eu iria com ele fiquei em grande expectativa. De imediato perguntei o que iria eu dizer-lhe, ao que meu pai respondeu:
-How do you do, Sir?
Foi assim que o cumprimentei quando cheguei à sua presença. Churchill retribuiu a saudação com uma festa na minha cabeça que até hoje nunca esqueci.
Porém, a estadia de W. Churchill iria, subitamente, ser interrompida pela notícia de que as eleições no seu país em que representaria o Partido Conservador iriam ser antecipadas. De regresso à sua Pátria apresentou-se às eleições, sendo no entanto derrotado por Clement Atlee um social democrata do Labour que prometera às populações de Inglaterra libertá-las das nefastas consequências causados pela Segunda Grande Guerra. Este Momento da minha pré adolescência, que ainda guardo na memória, ganhou maior significado com a consciência que fui tomando do contributo que este Homem deu para a libertação do nazismo, em pleno século XX.
João dos Reis Gomes (neto)