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‘Cluster’ da aeronáutica, espaço e defesa apresenta medidas de mitigação face à covid-19

Foto Shutterstock
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A AED Cluster Portugal (AEDCP), o ‘cluster’ português para as indústrias de aeronáutica, espaço e defesa, anunciou hoje que enviou ao Governo um documento sobre os impactos da covid-19, propondo medidas sectoriais e específicas para cada sector.

“A nível europeu, a indústria da Aeronáutica, Espaço e Defesa constitui uma das principais indústrias de alta tecnologia no mercado global, apoiando mais de 865 mil postos de trabalho directos altamente qualificados.

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Neste sentido, tem um papel fulcral na economia global, catalisando o desenvolvimento tecnológico e a inovação em todo o tecido social e económico”, explica o presidente do Conselho de Administração da AED Cluster Portugal, José Neves, citado em comunicado.

O surto de covid-19 afectou “todos os sectores da AED, tendo sido a indústria aeronáutica civil a mais atingida, originando cortes nas encomendas, problemas de abastecimento, paragens na produção e problemas de tesouraria”, refere.

Relativamente às indústrias da defesa e espaço, estas são maioritariamente direccionadas para o sector público, pelo que ainda não enfrentam os mesmos impactos da indústria aeronáutica, no entanto, o impacto indirecto não tardará a fazer-se sentir.

Por estas razões, a AEDCP decidiu agir e avaliar o que pode ser feito para diminuir as implicações desta nova crise, afirma o responsável.

Neste sentido, a AED defende, no documento, uma estratégia nacional consolidada de mitigação ao impacto económico desta crise e reforço dos três sectores em questão, propondo um conjunto de medidas transectoriais e específicas a cada sector.

Em termos sectoriais, o ‘cluster’ defende a aprovação de um pacote específico de formação e qualificação ‘online’ dos profissionais do sector, tendo como objectivo a manutenção das qualificações e certificações existentes, assim como o aproveitamento da redução de actividade para aumento e diversificação de competências.

Sugere ainda a definição de medidas de apoio ao trabalho a tempo parcial no sector (como por exemplo, a criação de bancos de horas) para evitar a exclusão dos atuais profissionais do sector e a promoção de medidas para os projectos de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, incluindo as vertentes da Inovação Produtiva e Organizacional, focadas no contexto actual, para capacitar os sectores aos novos desafios, e alavancar as novas oportunidades.

“São necessárias revisões dos planos estratégicos sectoriais e a redefinição das temáticas dos desafios societais, como a transformação digital e o impacto na sociedade civil”, sinaliza.

Para o sector da aeronáutica, propõe-se a criação de um plano de acção, detalhado e integrado no trabalho de diplomacia económica entre o Governo e o ‘cluster’ que dê resposta às oportunidades geradas pelas alterações às cadeias de fornecimento internacionais, nomeadamente através da realocação das operações e fornecimentos da Ásia, Norte de África e América de volta à Europa e restruturação dos modelos de custo e volume de produção em função da nova realidade da aviação civil.

No sector espacial, a AEDCP fala na necessidade de garantir a integridade do financiamento nacional dos programas obrigatórios e opcionais da Agência Espacial Europeia, comprometidos na última reunião do Conselho Ministerial de 2019 e da continuação e dinamização das iniciativas complementares previstas na Estratégia Espaço 2030, tais como a construção do SpacePort dos Açores.

Refere-se ainda à necessidade de acelerar processos de aquisição pública de serviços, e projectos de introdução de tecnologia espacial na administração pública, através do lançamento de concursos públicos, em particular, integrados nos esforços dos restantes.

No sector da Defesa, a AEDCP quer que sejam assegurados os investimentos definidos na Lei da Programação Militar, garantindo, sempre que possível, a participação de empresas portuguesas ao longo de todo o ciclo de desenvolvimentos de novos sistemas e equipamento.

Pede ainda “empenho institucional e diplomático na manutenção do orçamento e data de lançamento do Fundo Europeu de Defesa (FED), assim como assegurar a participação nacional futura nos grandes projectos europeus de remodelação das forças, promovendo emprego e competitividade das empresas”.

O ‘cluster’ foi criado em 2016, como uma associação privada sem fins lucrativos e envolve actualmente mais de 80 entidades estabelecidas em Portugal.

De acordo com os dados citados pela AEDCP, em Portugal, as três indústrias representam um volume de facturação agregado superior a 1,7 mil milhões de euros, com valores de exportação de cerca de 90%, suportando mais de 18.500 recursos humanos.

Com o impacto da covid-19, prevê-se de uma diminuição de 55% das receitas de passageiros das transportadoras em 2020 relativamente a 2019 e uma diminuição de 48% do tráfego anual de 2020.

A International Air Transport Association (IATA) previu a 14 de Abril que o sector de aviação perderá este ano 314 mil milhões de dólares em receitas de passageiros em consequência do surto do novo coronavírus.

Esta previsão equivale a uma diminuição de 55% das receitas de passageiros das transportadoras em 2020, relativamente a 2019, refere a AEDCP.

O documento da AEDCP foi também entregue ao IAPMEI, AICEP e outras entidades públicas.

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