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Regresso ao futuro

Uma viagem, neste tempo, tão peculiar, do global ao local, do ruído ao silêncio, da

distância à proximidade, do exterior ao interior, do visível ao invisível, da certeza à

incerteza, da continuidade à descontinuidade, da liberdade ao confinamento, da saúde

à doença ....

“Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos

informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso, veemente e efémero. Na verdade, a velocidade com que vivemos impede-nos de

viver. Uma alternativa será resgatar a nossa relação com o tempo. Por tentativas, por

pequenos passos. Ora isso não acontece sem um abrandamento interno.” (José Tolentino Mendonça, ‘O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas’).

Na contingência de um novo presente “procuramos agora ouvir mais os profissionais de saúde, interpelados para falar não apenas deste desconhecido vírus, mas também do modo como podemos ir retomando o quotidiano em diversas áreas: educação, economia, lazer... Constatamos, assim, que andámos muito tempo mergulhados num enorme ruído, entretidos com assuntos sem importância e com atores sociais sem nada de relevante para nos dizer.” (Felisbela Lopes, “Quem importa ouvir”, JN)

“Crises são lugares privilegiados de conhecimento. Colocam-nos nos abismos e vazios do que (ainda) não está lá. Permitem pensar a ação humana situada em

contextos permeados por ordens-constrangimentos e caos criatividades que emergem

da sobrevivência e da resistência à adversidade e à violência. Improvisos e surpresas são, por isso mesmo, dinâmicas radicais da alternativa.” (Clara Keating)

“Se no passado se vê o futuro, e no futuro se vê o passado, segue-se que no passado e no futuro se vê o presente, porque o presente é futuro do passado, e o mesmo presente é o passado do futuro.” (Pe. António Vieira, Citador)

João Freitas

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