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Ministro da Saúde do Brasil critica polarização política sobre isolamento social

O ministro da Saúde brasileiro, Nelson Teich, criticou na quinta-feira a polarização política criada em torno do isolamento social como medida contra a covid-19, reforçando que o distanciamento permanece como orientação da tutela.

“Vejo isso [isolamento social] muito mais como uma discussão política do que como uma discussão social. Se não pararmos para ver o que está a acontecer, para entender o que isso representa para a sociedade e ficarmos polarizando, isso não vai levar a nada”, afirmou Teich, numa conferência de imprensa em Brasília.

A declaração do ministro foi prestada após ser questionado se, face aos quase seis mil mortos no país devido ao novo coronavírus, a tutela reforçaria a necessidade de manutenção do distanciamento social ou passaria a apelar a uma redução dessas medidas, conforme o que é defendido pelo chefe de Estado, Jair Bolsonaro.

“O distanciamento permanece como a orientação. Vamos estar a avaliar cada lugar, cada região, cada cidade para ver como está a evoluir a curva de contaminação, qual é o recurso que cada cidade tem para tratar das pessoas, isso é o que vai definir [o prolongamento do distanciamento social]”, disse o governante.

Nelson Teich salientou que não é possível iniciar já uma flexibilização geral do isolamento social devido ao facto de a curva de mortes pelo novo coronavírus estar em “franca ascendência”.

Contudo, o ministro assegurou que tem pronta uma série de diretrizes com orientações para estados e municípios decidirem sobre a manutenção dessa medida.

“Temos uma diretriz, temos um ponto de partida. Mas algumas coisas são básicas, não dá para você começar uma abertura quando tem uma curva em franca ascendência. (...) Temos cidades que nem estão com a curva a diminuir e já estão a flexibilizar”, advogou o responsável pelo Ministério da Saúde.

“Ninguém está a pensar no relaxamento [das medidas]. (...) Neste momento ninguém está a pensar em flexibilizar nada, estamos a desenhar um projeto, uma diretriz”, reforçou, acrescentando que a decisão de qualquer mudança nas medidas caberá a cada Estado e município.

O Brasil registou mais 435 mortes de pessoas infetadas pelo novo coronavírus e o recorde de 7.218 novos infetados nas últimas 24 horas, informou na quinta-feira o Ministério da Saúde do país.

Desde o início da pandemia, o país sul-americano já contabilizou 5.901 óbitos e 85.380 casos confirmados de infeção pela covid-19. Contudo, está ainda a ser averiguada a eventual relação de 1.539 óbitos com o novo coronavírus.

“Estamos a trabalhar a parte de testes, melhorar a infraestrutura, acompanhar a evolução dos casos, tentar procurar um ponto de inflexão da curva. O dia em que todos esses critérios estiverem preenchidos, vamos dar, dentro da diretriz, um ‘ok’ para que se possa fazer uma tentativa de flexibilização”, frisou Nelson Teich, que assumiu a tutela há duas semanas.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 230 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

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