Bispo do Funchal recorda São Tiago Menor, “protector dos que habitam a nossa cidade”
O Bispo do Funchal recorda hoje São Tiago Menor, padroeiro principal da Diocese do Funchal, numa celebração eucarística que acontece na Sé do Funchal à porta fechada, devido à pandemia Covid-19.
D. Nuno Brás começa por recordar que há 499 anos, em 11 de Junho de 1521, a cidade do Funchal “se colocou nas mãos do Apóstolo S. Tiago Menor”. O mesmo acontecem em 1538, quando o Funchal era ‘atacado’ por uma epidemia e o Guarda-Mor da saúde, “vendo inúteis os seus esforços, pediu a São Tiago que fosse o Guarda da Saúde” deste povo”. Desde esse momento, todos os feridos melhoraram e a peste desapareceu da cidade.
“Hoje, as circunstâncias da emergência sanitária que vivemos impossibilitam-nos de realizar a habitual procissão em honra do nosso padroeiro. Mas, nem por isso, queremos deixar de cumprir a entrega da defesa da nossa cidade nas mãos daquele que, há quase 500 anos, sempre nos tem protegido”, destaca D. Nuno Brás que faz questão de celebrar aquele que tem olhado pelos funchalenses.
Recordando a vida do Apóstolo S. Tiago Menor na eucaristia de hoje, 1.º de Maio, o Bispo destaca uma “personalidade fascinante”, conhecido como “Irmão do Senhor”, expressão que, conhecendo a cultura judaica do tempo, significa alguém “da família próxima”, neste caso, de Jesus, ou então como “Tiago, filho de Alfeu”, ou ainda “Tiago o Menor”, filho de uma Maria que estava junto à cruz de Jesus, indicando que S. Tiago fosse galileu, natural de Nazaré.
“Como os demais Apóstolos, S. Tiago é referido como fazendo parte daquele grupo mais próximo, a quem Jesus chamou “para ficar com Ele e enviá-los a pregar”. Esteve presente na Última Ceia, passou pelo drama da cruz, pelo abandono desorientado do Mestre, pela alegria do encontro com o Ressuscitado, e por aquele momento único do Pentecostes”, referiu o Bispo do Funchal, salientando que depois da Páscoa, foi encontrado em Jerusalém, à frente da comunidade dos discípulos, desempenhando um “papel essencial na controvérsia acerca da circuncisão”.
“Foi a este homem, que liderava a Igreja de Jerusalém após a partida de Pedro, que os chefes judaicos quiseram persuadir a subir ao Pináculo do Templo para, perante todo o povo, renegar a Jesus. Como Tiago reafirmasse a fé no Senhor, lançaram-no dali abaixo e lapidaram-no. Ainda de joelhos, enquanto sofria os golpes das pedras, Tiago rezava: “Peço-te Senhor, Deus Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Foi sepultado num lugar próximo do Templo, onde ainda hoje é possível ver a sua lápide”, afirma o chefe da igreja madeirense.
O Bispo recorda um “homem justo, cheio de sabedoria, fazedor de comunhão; homem de oração e de fé viva: eis, em traços gerais, a personalidade do Santo nosso padroeiro”.
“Ao mesmo tempo que hoje nos voltamos a confiar à sua intercessão, fazendo nosso o tradicional gesto de entrega do Funchal e seus habitantes nas mãos de S. Tiago, confiando-lhe a protecção de quantos habitam a nossa e sua cidade, peçamos-lhe que nos ajude a progredir no caminho da fé — da fé viva, quer dizer: da fé que se expressa na vida, nas obras do quotidiano e peçamos-lhe ainda a graça de, no meio de tantas discórdias próprias da “cidade dos homens”, construirmos comunhão entre todos, na justiça e na sabedoria”.