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Emigrantes portugueses na Alemanha respeitam apelo do governo e cancelam viagens

Foto EPA/FRIEDEMANN VOGEL
Foto EPA/FRIEDEMANN VOGEL

Muitos portugueses a viver na Alemanha desistiram das viagens planeadas na Páscoa, depois de o governo alemão ter anunciado quarentena obrigatória de 14 dias para todos os que chegam ao país e do apelo do executivo luso.

Se, por um lado, Berlim obriga a que todos os que atravessam a fronteira fiquem em quase durante duas semanas, tanto o primeiro-ministro António Costa, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, pediram aos emigrantes que, este ano, e por causa da pandemia provocada pelo novo coronavírus não “regressem temporariamente a suas casas” e “terras de origem”.

“As recomendações que tenho dado são no sentido de ficarem casa”, revelou à agência Lusa Daniel de Oliveira Soares, presidente da Casa de Portugal em Bremerhaven e conselheiro consular das comunidades portuguesas.

“Fora o risco de saúde que eles próprios correm, também devem pensar nos familiares. Mas constato que, para a maioria, este argumento não é muito importante porque tanto eles como os familiares estão bem de saúde e desvalorizam a doença”, lamenta, acrescentando que o medo de ficarem retidos em Espanha ou França, ou a isolamento profilático obrigatório no regresso, imposta pelo executivo alemão, são os argumentos que pesam.

“Como não são conhecidos casos de infeção na comunidade, as pessoas não se apercebem do risco”, sublinhou Daniel de Oliveira Soares, reconhecendo, ainda assim, que a maioria dos portugueses respeita as regras de distanciamento social impostas.

Alfredo Stoffel, conselheiro das comunidades portuguesas na Alemanha, adiantou à Lusa que várias pessoas cancelaram as viagens que tinham marcadas para Portugal, não só durante a Páscoa, mas também nos próximos meses.

Acrescentou que todos os conselheiros na Alemanha estão a “sensibilizar quem os contacta” para que “não se desloquem a Portugal nesta altura”.

“Não só não vão ajudar ninguém, como podem complicar a situação dos seus amigos e familiares”, frisou Alfredo Stoffel.

Numa mensagem em formato vídeo publicado na plataforma social Twitter, e divulgada na página oficial da Embaixada de Portugal na Alemanha, Augusto Santos Silva explica que “há uma bela tradição” marcada pela visita de “milhares de imigrantes” que regressam “temporariamente a suas casas, às suas terras de origem, para ver os seus e as suas famílias”, realçando que “este ano isso não pode acontecer”.

Nélson Rodrigues, que gere a página de Facebook “Comunidade Alemanha”, e trabalha no Centro de Integração Autárquico na Câmara Distrital de Gütersloh, admitiu que os portugueses a viver na região da Vestefália estão relativamente bem informados.

“Preocupam-se com as férias de verão e com as reservas dos transportes e hotéis que já efetuaram”, desconhecendo casos de portugueses que tenham planeado regressar ao país durante o período da Páscoa.

“Os desafios do dia-a-dia estão mais na agenda, com preocupações com o futuro do trabalho e da família”, acrescentou.

A Alemanha é o quinto país com mais casos diagnosticados de covid-19, superando os 100 mil.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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