Lagarde pede “pleno alinhamento” entre política monetária e orçamental
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, apelou a um “pleno alinhamento” entre as políticas monetárias e as políticas orçamentais no combate à crise económica da covid-19, para proteger a “capacidade produtiva e o emprego”.
“O pleno alinhamento da política monetária e das políticas orçamentais -- a par de condições equitativas para combater o vírus -- constitui a melhor forma de proteger a nossa capacidade produtiva e o emprego”, defende a presidente do BCE num artigo publicado em vários jornais, entre os quais o português Público.
Segundo Christine Lagarde, só assim será possível “regressar a taxas de crescimento e de inflação sustentáveis, uma vez terminado o surto de coronavírus”.
“Se alguns dos países não atingirem a cura, os restantes sofrerão. A solidariedade é, com efeito, do interesse de cada país”, argumentou a responsável francesa, que sucedeu ao italiano Mario Draghi à frente dos destinos do BCE em 2019.
A também antiga diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a resposta do BCE “será mais poderosa se todas as políticas se reforçarem mutuamente”, sendo “vital que a resposta orçamental a esta crise tenha a força suficiente em todos os países da área do euro”.
“Os governos têm de se apoiar reciprocamente para poderem, em conjunto, dar a resposta ótima em termos de políticas a este choque comum que não é da sua responsabilidade”, advogou.
Segundo Lagarde, o BCE “está a disponibilizar suficiente liquidez para eliminar o risco de liquidez das instituições de crédito, assegurando, ao mesmo tempo, que as condições de financiamento permanecem favoráveis para a economia em geral”.
Uma das medidas adotadas pelo BCE consiste numa disponibilização de “até cerca de três biliões de euros de liquidez às instituições de crédito a uma taxa negativa, que pode ir até -0,75% -- a taxa mais baixa jamais oferecida pelo BCE”, com “um pacote específico de medidas de flexibilização dos ativos de garantia, que visa, em particular, as empresas de menor dimensão, os trabalhadores por conta própria e os particulares”.
As medidas de apoio a empresas mais pequenas “encorajarão os bancos a conceder empréstimos a microempresas e a comerciantes individuais -- que, em geral, têm menos acesso a crédito -- e a refinanciá-los através de empréstimos do BCE por prazos até três anos a taxas de juro negativas”, segundo Christine Lagarde.
“Em segundo lugar, estamos a adquirir obrigações do setor público e do setor privado em grandes volumes para assegurar que todos os setores da economia possam beneficiar de condições de financiamento favoráveis”, que permitirá compras de quase um bilião de euros até ao final do ano, refere a presidente do BCE.
O programa foi também alargado a compras de papel comercial, o “que constitui uma fonte importante de liquidez para as empresas”.