Bernie Sanders abandona corrida presidencial
O senador Bernie Sanders abandonou hoje a corrida presidencial nos EUA, após uma sequência de maus resultados nas primárias Democratas, deixando Joe Biden como rival do presidente Donald Trump, nas eleições de novembro.
Bernie Sanders, 78 anos, senador pelo estado de Vermont, tinha começado as primárias do Partido Democrata com três importantes vitórias, apesar das suas ideias radicais de esquerda, sobretudo nas áreas da economia e da saúde.
Mas após maus resultados na “super-terça-feira” e de uma severa derrota no importante Estado de Michigan, no início de Março, a campanha de Bernie Sanders começou a perder força, ao mesmo tempo que o ex-vice-presidente Joe Biden acumulava vitórias e somava apoios dos candidatos que iam desistindo.
Hoje, Sanders anunciou que se retirava da corrida presidencial, reconhecendo que Biden tem uma vantagem que diferente poderia ser superada, nas eleições primárias que ainda faltam cumprir.
O senador disse que falará ainda hoje com os seus apoiantes, para lhes explicar as razões específicas do seu abandono.
“O senador Bernie Sanders anunciou hoje à sua equipa que suspendeu a sua campanha para se tornar Presidente”, disse a equipa, num comunicado que antecipa a mensagem que o senador irá passar directamente aos apoiantes ainda hoje, através de um vídeo na Internet.
No início, a dúvida residia na dúvida sobre os apoios que as suas ideias mais radicais poderiam angariar, numas primárias Democratas muito concorridas, que chegou a ter mais de 30 candidatos.
Sanders tinha sido derrotado por Hillary Clinton, nas primárias das eleições de 2016, mas a máquina de campanha ficou montada e permitiu ao senador de Vermont um bom arranque, com excelentes resultados nas três primeiras eleições.
Com uma base de apoio assente nos eleitores mais jovens, Bernie Sanders conseguiu uma plataforma política desafiadora dos “poderes instituídos”, com ideias progressistas que pareciam cativar sectores do partido que consideravam ser necessário romper com os programas eleitorais mais tradicionais.
Sanders usou a sua proposta de um serviço de saúde universal e gratuito como uma das alavancas mais fortes da sua campanha, ao mesmo tempo que apresentava ideias para o sector fiscal que procuravam uma diferente redistribuição fiscal, aumentando a carga das grandes fortunas.
O presidente Donald Trump usou esse radicalismo para criticar o programa eleitoral de Sanders, acusando-o de ser “socialista”, uma palavra que no vocabulário político norte-americano é sinónimo de “comunista”.
Bernie Sanders conseguiu também angariar um leque muito alargado de pequenos financiadores que o tornaram o candidato com mais dinheiro para a campanha eleitoral, ao mesmo tempo que acusava os seus adversários internos de estarem muito dependentes dos apoios das grandes empresas.
Mas, depois de bons resultados nas primárias de Iowa, New Hampshire e Nevada, Sanders começou a perder terreno para Joe Biden, na “super-terça-feira”, quando o ex-vice-presidente venceu 10 dos 14 estados em disputa.
Nessa altura, Biden começou a beneficiar dos apoios dos candidatos que iam desistindo e de novas alianças que foram deixando Bernie Sanders mais marginalizado.
“Embora a nossa campanha tenha vencido o debate ideológico, estamos a perder o debate sobre a elegibilidade”, comentou recentemente o senador, referindo-se às progressivas dificuldades que ia sentindo para recuperar terreno para Joe Biden.