Dominic Raab, o chefe da diplomacia britânica que substitui Boris Johnson
O actual chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, que substitui o primeiro-ministro, Boris Johnson, enquanto este estiver internado, por ter sido infetado com a covid-19, é visto como uma das figuras emergentes do partido Conservador.
Eurocético ultraliberal de 46 anos, advogado especializado em Direito Internacional, Dominic Raab representa a nova geração de conservadores e agora vê-se à frente da liderança do Reino Unido, em plena crise provocada pelo novo coronavírus.
Transferido hoje à noite para os cuidados intensivos, no hospital onde foi internado no domingo à noite devido a “sintomas persistentes” de covid-19, Boris Johnson delegou em Dominic Raab que o substitua “onde for necessário”.
Dominic Raab foi nomeado para os Negócios Estrangeiros em julho de 2019, depois de um percurso de uma década no Parlamento britânico.
A anterior primeira-ministra, Theresa May, nomeou-o ministro em 2018, entregando-lhe a pasta do ‘Brexit’ (saída da União Europeia), mas Dominic Raab ficou apenas quatro meses no cargo, batendo com a porta por considerar que a estratégia da governante era demasiado conciliadora com Bruxelas.
Filho de um refugiado judeu checo, que desembarcou no Reino Unido em 1938 e morreu de cancro quando ele tinha apenas doze anos, Dominic Raab foi educado pela sua mãe, seguindo a religião anglicana.
Originário do condado de Buckinghamshire, no noroeste de Londres, estudou Direito nas prestigiadas universidades de Oxford e Cambridge.
Depois de se formar venceu o Prémio Clive Parry para o Direito Internacional, antes de iniciar uma carreira como advogado numa sociedade ligada à finança.
Antes de entrar na política, fez carreira como advogado, sobretudo de Direito Internacional, tendo liderado a equipa jurídica que fez a acusação de criminosos de guerra como Slobodan Milosevic, Radovan Karadzic e Charles Taylor, no Tribunal Penal Internacional de Haia.
Trabalhou também para a organização não-governamental de direitos humanos Liberty, em Bruxelas, sobretudo em legislação da União Europeia e da Organização Mundial de Comércio.
Em 2010, foi eleito deputado pelo partido Conservador pela região de Esher and Walton, 40 quilómetros a sudoeste de Londres, e no ano seguinte foi considerado o “Melhor Novato do Ano” pela revista Spectator, que atribui anualmente prémios aos membros do parlamento.
Em 2016, destacou-se por assumir uma posição contrária à do então primeiro-ministro David Cameron e fazer campanha pela saída do país da União Europeia.
Na altura, afirmou: “Estou convencido de que os melhores dias do Reino Unido estão para vir e que as nossas melhores perspetivas são fora da UE”.
Invocando a necessidade de deixar de seguir as leis europeias e a possibilidade de fazer acordos comerciais com outros países, desvalorizou os receios do impacto do ‘Brexit’ na economia britânica e recusou copiar os acordos usados pela Suíça, Noruega ou Turquia.
“A nossa economia é maior do que todas [as três] juntas, é razoável esperar que consigamos negociar um acordo britânico à medida”, vincou.
Além de ter escrito vários livros sobre direitos humanos e políticas de combate ao terrorismo, pratica karaté e pugilismo, e é casado com a brasileira Erika Rey, de quem tem dois filhos.