Lar de Vale de Cambra tem 39 utentes infectados e ainda faltam resultados
O lar da Fundação Luiz Bernardo de Almeida, em Vale de Cambra, que na sexta-feira registava um óbito e um infetado por covid-19, revelou hoje ter atualmente 39 utentes com o novo coronavírus, aguardando ainda dezenas de resultados.
A informação surge dias depois da instituição do distrito de Aveiro ter dito à Lusa que, após a realização dos primeiros testes a idosos e funcionários a expensas da própria casa, as autoridades de saúde não estavam a disponibilizar exames para cerca de 80 utentes ainda não rastreados, entre os 120 seniores que habitam no lar.
“O delegado de saúde passou-nos a requisição para os testes, mas, como não há material disponível no mercado, quem nos resolveu o problema foi o [empresário local] Miguel Aguiar Soares. Apareceu-nos cá no sábado com material para 100 testes e, se não fosse ele, continuávamos com toda a gente por rastrear e a pensar inocentemente que só tínhamos meia dúzia de infetados”, afirmou hoje o diretor-geral da unidade de apoio social, José Carlos Coelho.
Para o diretor da Fundação Luiz Bernardo de Almeida, um dos aspetos mais graves da situação é que os testes têm permitido apurar “que há muita gente infetada sem apresentar absolutamente nenhum sintoma”, pelo que essas pessoas continuam a relacionar-se com terceiros ignorando que já deviam estar em tratamento e sob quarentena.
Os utentes infetados que residem no lar já foram, entretanto, separados dos restantes, estando essa comunidade de idosos agora distribuída pelos quatro edifícios da Fundação, de forma a assegurar “o mais isolamento possível” aos doentes.
Entre os 39 idosos contaminados incluem-se “uns oito que estão hospitalizados” e, desses, “alguns já podiam ter vindo para casa, mas ficaram mais um dia ou dois no hospital até se reorganizar a distribuição de espaços na Fundação”, disse.
Segundo dados do município de Vale de Cambra, o concelho registava na segunda-feira à noite, além de duas mortes, 82 casos confirmados de covid-19, entre os quais os 39 utentes do lar da Fundação Luiz Bernardo de Almeida e algumas das suas funcionárias.
Numa comunicação à população através da rede social Facebook, o presidente da Câmara afirmava que a Fundação “está a desenvolver todos os esforços para conter a propagação do vírus enquanto aguarda os restantes resultados dos testes já efetuados”.
Informado que contactou “o Comandante Distrital da Proteção Civil de Aveiro, que irá garantir a descontaminação das instalações da instituição por uma equipa especializada e devidamente equipada para o efeito”, José Pinheiro acrescentava que a Câmara tem vindo “a constituir uma reserva estratégica de equipamentos de proteção individual para dar resposta a eventual rutura de ‘stock’ por parte das instituições particulares de solidariedade social, num investimento que ascende aos 50.000 euros”.
Quanto aos esforços de diagnóstico da doença, o autarca do CDS-PP revelava também que têm hoje início os testes de rastreio no Centro Social e Paroquial de S. João Batista, na freguesia de Cepelos, e na Santa Casa da Misericórdia, em Vale de Cambra. Esses exames foram adquiridos no mercado “no seguimento dos contactos desenvolvidos pela Câmara Municipal, que suportará os custos dos mesmos”.
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 70.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 240.000 recuperaram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 11.730 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 311 morreram, 1.099 estão internados em hospitais, 140 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar e, no dia 19, o estado de emergência nacional em todo o país. Ambos vigoram até às 23:59 do dia 17 de abril, sendo que toda a população está proibida de circular fora do seu concelho de residência entre a próxima quinta e segunda-feira, para desincentivar viagens no período da Páscoa.